Necessidade e dever - Banco de redações

A imprensa* de Gutenberg, durante a Idade Moderna, representou o início da propagação de notícias que tinham uma preocupação efetiva quanto à informação aos membros da sociedade. Entratanto, o desenvolvimento desses meios trouxe consigo a manipulação do conteúdo e o desrespeito à ética de mercado por algumas empresas, sendo necessária a regulação de tais práticas.

Em primeiro lugar, a concentração de poder por determinadas redes de comunicação é um problema que dificulta o real entendimento da situação. Chovem comentários que se opõem à discussão da regulação, pois os donos de muitas redes de televisão são políticos renomados e não seria interessante, para eles, perder monopólios e oligopólios que são suas propriedades. Com isso, o poder manipulador dessas mídias, juntamente com a sua capacidade de influenciar a sociedade, como defendido pelo sociólogo Harold Lasswell, passam a impressão de que tal atitude seria censura. Ora, se assim o fosse, estaria-se indo de encontro à democracia e aos princípios constitucionais, que, inclusive, garantem a própria diversidade na transmissão de conteúdos e de poderes mais equilibrados entre as mídias.

Além disso, a regulação da mídia poderia proporcionar uma maior participação das culturas locais na grade de programação das redes. Hábitos regionais ainda tão marginalizados e desconhecidos teriam a chance de ser mais vislumbrados no País, dada a força exercida pela mídia, considerada o quarto poder da sociedade na visão de Eric Hobsbawn. É ela quem divulga informações e é formadora de opinião, sendo o seu bom uso ético essencial à consolidação da democracia e à homeostase. O Estado, como garantidor das normas e leis, precisa funcionar como um pâncreas, regulando a concentração de açúcares (práticas sociais) no sangue por intermédio de hormônios ativadores das instituições que regulam o bom funcionamento da mídia. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa regulagem se dá pela proibição de uma mesma empresa ser dona de vários meios de comunicação ao mesmo tempo.

Diante disso, a imprensa de Gutenberg se modernizou, mas se transformou, majoritariamente, em um berçário de manipulações por grandes empresários, tornando-se necessária a sua regulamentação. Assim, o engajamento, por parte da sociedade, para a aprovação do projeto que regula o bom funcionamento da mídia, por meio de passeatas comunitárias, de palestras que discutam o problema e de campanhas em redes sociais para evidenciar essa situação, assim como a adoção da ética de mercado pelas redes televisivas, pelos jornais, pelas rádios, e pelas revistas por meio de um compromisso que proíba a formação de monopólios e oligopólios, sob sujeição a punições financeiras e judiciais, seriam boas alternativas para regular a mídia de forma efetiva.