Quando a liberdade torna-se libertinagem e precisa ser controlada - Banco de redações

O poder que a mídia possui para manipular e para criar opiniões é reconhecido há bastante tempo. Entretanto, como no Brasil esses meios de comunicação abusam da sua influência e destroem o princípio da imparcialidade midiática, deve-se haver uma regulação que proteja a população das vontades mercenárias e manipuladoras dessas empresas.

A partir da prensa de Gutenberg, que revolucionou a comunicação, a imprensa alterou-se de maneira expressiva, aumentando o seu poder ao longo do tempo. Com sua crescente importância nas sociedades, as mídias começaram a influenciar outras esferas sociais, como a política. Desse modo, para que seus objetivos concretizem-se, a imprensa eliminou a verossimilhança das suas publicações – violando, portanto, o direito que cada cidadão possui de acessar informações claras e verídicas. Em alguns jornais e revistas, por exemplo, partidos políticos são abertamente apoiados e favorecidos com matérias muitas vezes falaciosas sobre seus opositores. É nesse cenário também que a regulação da mídia seria positiva à sociedade, pois favoreceria o equilíbrio político em meios comunicativos que se dizem neutros, constituindo, assim, um não favorecimento a candidatos e uma pluralidade de ideias, cabendo, pois, somente à pessoa julgar e se decidir.

O Brasil não possui uma legislação específica sobre os limites que as mídias têm de levar em consideração, ao contrário de como ocorre na maioria nos dos países com democracias mais justas do que a brasileira, como nos Estados Unidos e na Inglaterra. Incumbe-se, assim, a elas próprias a manutenção de uma autorregulação em que deveria prevalecer o bom senso. Contudo, esse autocontrole não funciona efetivamente, o que demanda leis mais pontuais e órgãos que façam esse controle. Apesar de totalmente positiva, há quem se posicione contra a regulação da mídia, alegando que seria um modo de censura, assim como ocorria no Regime Militar brasileiro; porém, essa medida visa justamente ao contrário: somente sem a influência midiática a população conseguiria esclarecer suas ideias e saber de seus direitos. A mídia mais controlada seria, então, um contrapeso às diferenças de poder existentes entre quem está no comando (e é apoiado pelas mídias) e quem realmente procura informar as pessoas ou busca melhorar a vida dessas, e não um meio de proteção dos interesses do governo, pois censurar é algo diametralmente oposto a regular. Além disso, essa regulação protege grupos de pessoas das propagandas manipuladoras de questões econômicas ou ideológicas – como as que incentivam crianças a tomarem certas atitudes negativas ou as que valorizam o consumismo – e dos preconceitos explicitados diariamente por todo o Brasil, como em piadas racistas ou homofóbicas.

Há no Brasil uma clara necessidade de regulação da mídia, pois somente assim cada pessoa poderá, como disse o grande filósofo Immanuel Kant, ‘’chegar à maioridade da razão’’. Nessa condição, por conseguinte, a pessoa garantiria um acesso a informações reais e uma democracia mais justa e igualitária – ou seja, para que isso aconteça, primeiramente deve haver uma mídia regulada e verossímil que cumpra o seu papel real: promover a comunicação entre as pessoas.