Não têm sido incomuns na mídia movimentos de oposição ou defesa à Usina de Belo Monte, que está em construção na região do Vale do Rio Xingu desde 2011. Colidem violentamente, de um lado, a crença de que ela possa acelerar o crescimento econômico, e de outro, a crítica a seus impactos nos âmbitos social e ambiental.
Embora não haja dúvida quanto à necessidade de aumento significativo da produção energética no país, ratificada por dados oficiais, a obra tem gerado sérios problemas, a exemplo do crescimento desordenado da cidade de Altamira, devido ao fluxo de imigrantes em busca de trabalho, dentre os quais muitos não o conquistam por terem baixa especialização. Isso tem desencadeado no paupérrimo município, sem estrutura para abrigar tanta gente em condições adequadas, um aumento da exploração imobiliária e a formação de aglomerados subnormais.
Não menos relevante é o fato de que a convenção de hidrelétrica como fonte limpa de energia, levantada pelos defensores do projeto, não é totalmente verdadeira, uma vez que, neste caso, gerar-se-ão alagamento de vastos territórios, possível incentivo ao desmatamento de áreas virgens, dada a urbanização, e ainda alterações no regime de cheias. Essas últimas, por sua vez, levantam outra questão: a situação das populações indígenas ribeirinhas, que se podem ver inaptas a viverem dentro de seus padrões culturais, com cuja baixa preocupação demonstrada pelo governo constitui expressão do velho ideal de soberania branca, claramente ultrapassado e preconceituoso.
Assim, percebe-se que a construção de Belo Monte, da maneira apressada como está sendo realizada, sem maciços investimentos prévios na infra-estrutura [infraestrutura] local ou soluções eficientes para questões sócio-ambientais [socioambientais], subestima a importância do planejamento e da discussão popular. Conquanto, no atual estágio das obras, seja inviável interrompê-las, sua repercussão deve servir para que de uma vez por todas se barre a mentalidade segundo a qual a riqueza e o desenvolvimento devem ser gerados para somente depois pensarem-se fenômenos sócio-ambientais [nos fenômenos sociambientais], e para que se introduza desde já um modelo de crescimento planificado que concilie ambas as áreas.
Comentários do corretor
Seu projeto de texto foi bem escrito e fez considerações válidas e pertinentes à problemática imposta pelo tema. Todavia, não houve extrapolação do recorte temático para levar seu texto à excelência total. Extrapole o óbvio e realize um rico e consciente trabalho com os recursos argumentativos (citação, ironia, fatos, dados, exemplos, comparações, contraposições, retrospectivas históricas etc.). No mais, atente às mudanças impostas pelo Novo Acordo Ortográfico.
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 2.0 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 1.5 |
NOTA FINAL: | 8.5 |
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0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |