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Desde os primórdios da história, o uso das drogas se tornou inerente ao ser humano para a realização de aspectos rituais, medicinais e religiosos. No entanto, devido às mudanças tecnológicas e científicas do homem, tendo como auge o sistema capitalista e globalizado, percebe-se que essas substâncias hoje incorporam um desafio à sociedade. No Brasil, tais perspectivas se evidenciam em politicas públicas, o que constitui um âmbito de divergências diante da legalização e tratamento dado aos usuários.

É indiscutível que a sociedade passou por transformações sociais e ideológicas que alteraram as estruturas vigentes. Segundo Zigmunt Bauman, a modernidade líquida é um momento em que a sociabilidade humana experimenta uma alteração de seus aspectos de vida. As drogas, nesse sentido, passaram por uma transgressão de seu uso para uma verdadeira adequação ao cenário capitalista, uma vez que a busca por uma realidade materialista e consumista embasa o homem moderno. A classe média é, dessa maneira, a mais suscetível e manipulada pelo poder da mídia.

Nesse contexto, o Brasil passou por uma onda de uso das drogas desde a segunda metade do séc. XX, o que coincide com a ascensão do Movimento Hippie. Atualmente, políticas públicas visam ao combate dessas substâncias, aplicando punição ao tráfico. Os usuários, embora não sofram penas, são sujeitos à exclusão, e associados pela população a um ideal de criminalidade e periferia, o que causa uma desordem social. É perceptível que as drogas são responsáveis pela desestruturação familiar, já que muitos jovens, devido a traumas psicológicos, a menores oportunidades sociais e à coerção, são vítimas. A legalização das drogas, nesse sentido, é contraditória, uma vez que o Estado nem sempre atende às necessidades dos usuários e nem há uma eficiente fiscalização e repressão policial.

Infere-se, portanto, que as políticas sobre drogas, no Brasil, criam um cenário de contradições aliadas à estrutura social vigente. É evidente, desse modo, a necessidade da criação de campanhas que envolvam uma responsabilidade ética e engajamento social no combate ao uso das drogas. Nesse sentido, ONGs e o governo devem ampliar fiscalizações a famílias desestruturadas, dando-lhes o apoio necessário. Ademais, é necessária a criação de instituições de saúde aos usuários, além da imposição de mais oportunidades aos jovens no âmbito trabalhista, de modo a afastá-los do contato com essas substâncias. Só assim, o conceito de modernidade líquida, proposto por Bauman, será associado a um progresso social.