Greve dos caminhoneiros: vai melhorar quando?
O artigo não representa a opinião do site. A responsabilidade é do autor do texto.
Os impactos da greve afetaram diversos setores da economia, que vão demorar para se recuperar.
Após mais de uma semana em greve, os caminhoneiros liberaram as rodovias brasileiras, mas os reflexos desta paralisação ainda serão sentidos por algum tempo. A alta no preço dos combustíveis e de outras mercadorias deve durar até que a reposição esteja totalmente normalizada.
O que mais chamou a atenção nesta greve foi como afetou a vida da maioria dos brasileiros e o quanto deve custar aos cofres públicos. A reivindicação principal dos grevistas era básica: frear a alta dos combustíveis, especialmente da gasolina e do diesel, e diminuir a carga tributária aplicada a estes profissionais. No entanto, o reflexo foi sentido em diversos setores da economia.
Saiba mais: o que é greve?
A lógica das consequências da greve dos caminhoneiros é básica: sem os caminhões transportando as mercadorias de norte a sul do país, todos os ramos do comércio ficam desabastecidos. Supermercados, postos de combustíveis, farmácias e até hospitais deixaram de ser abastecidos durante a paralisação.
Com a possibilidade de ficar sem itens básicos, chamados de primeira necessidade, diversos brasileiros lotaram o comércio e começaram a levar para casa itens que usariam a longo prazo. Diante disso, o óbvio aconteceu, as mercadorias desapareceram.
Nos locais em que era possível encontrar tais itens, o preço estava bem acima do que era antes da greve. De um lado os comerciantes alegavam legitimidade, por causa da Lei da Oferta e da Procura, mas órgãos de defesa do consumidor chegaram a autuar os casos considerados como abusos.
Em diversas cidades brasileiras o gás de cozinha, por exemplo, esteve em falta mesmo depois do fim da greve e a operação para o reabastecimento continua.
E agora?
Negociações foram realizadas entre governo e grevistas, e a paralisação foi interrompida. A principal mudança beneficiou apenas a categoria, com o preço do diesel congelado até 31 de dezembro. Especula-se que os gastos para segurar os custos dos combustíveis deve custar em torno de R$ 13,5 bilhões.
Sabe-se que não é tudo. Citando apenas os caminhoneiros, muitas mudanças precisam ser adotadas para dar mais conforto para quem trabalha ao volante nas rodovias do país. A alta carga tributária, passando pelos pedágios, sem esquecer das estradas deterioradas, são apenas alguns pontos que a categoria ainda questiona.
O que se vê é um cenário no qual o trabalho no transporte de cargas está diminuindo e a tributação aumentando. Diga-se de passagem, a diminuição do trabalho (ou desemprego) não acontece apenas nas estradas.
Pensando no restante do Brasil, o que tem de bom na negociação desta greve? Até agora nada! Apenas foi possível perceber o quanto somos reféns da malha rodoviária no Brasil. Aliás, há muito tempo, especialistas apontam a necessidade de uma malha ferroviária que ajude a escoar a produção no interior do Brasil, seja para exportação ou abastecimento das grandes cidades. Mas muitas obras sequer saíram do papel.
Além de melhorar as condições das estradas e de trabalho dos caminhoneiros, é preciso pensar em políticas efetivas que não comprometam o abastecimento dos centros urbanos.