Quando a violência é justa ou justificável (o outro lado da moeda)

Por Adrielle Lopes de Souza

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Pais e filhos, professores e estudantes, cidadãos comuns, profissionais liberais, grandes empresários, turistas e religiosos, todos se deparam diariamente com os conflitos urbanos entre policiais e traficantes, assaltantes, psicopatas, assassinos e políticos corruptos. Entretanto, nenhuma postura é tomada a favor da população, nem tampouco alguma medida de segurança é posta em prática. Quando, surge, no íntimo do ser humano, o anseio de mudança, de fazer justiça com as próprias mãos lutar sem intervenção do Estado. Assim, dá-se inicio à tão evitada violência considerada justa.

A população se revolta. A violência saiu das páginas dos jornais, tomou rumos inimagináveis. Passou a visitar os bairros nobres das nossas capitais. Já compõe o ambiente escolar e freqüentemente se encontra presente em nossos domicílios, mesmo quando a televisão está desligada. Os culpados raramente são punidos, os inocentes permanecem traumatizados, muitos inclusive com graves seqüelas durante toda a vida.

Os casos de assaltos à mão armada crescem de forma progressiva, enquanto isso, o desvio do dinheiro público, é tido como imprescindível para os políticos desonestos, o que raramente chega ao conhecimento do povo, e quando isso acontece, esses infratores, usando terno e gravata, geralmente ficam impunes. Isso é muito revoltante, e infelizmente, a única alternativa que resta é cruzar os braços, fechar os olhos, desconectar os meios de comunicação, ou então, seguir o caminho da violência, que neste caso, se tornaria justificável e compreensível.

Não obstante, é sabido que a violência não se combate com mais violência. Pelo contrário, ela deve ser aniquilada de outras maneiras. Para que isso aconteça, é necessário que toda população se mobilize em prol da sociedade, mostrando a importância do diálogo, respeito às diferenças, criação de novas oportunidades para que as pessoas construam suas vidas, com a qualidade e honestidade. O ideal seria se este processo fosse iniciado no seio familiar, passando pela escola até atingir as demais camadas sociais.

Entretanto, ainda assim, não se deve condenar as pessoas que desejam fazer justiça com as próprias mãos, pois para elas o mundo é bastante injusto e violento, para aguardar medidas provisórias que na verdade quase nunca surtem efeito. Além disso, é muito fácil julgar os outros por seus atos ditos violentos, quando uma injustiça lhes acontece. Mas, ao enfrentar a mesma situação, sentimos na pele a dor da espera por uma justiça tão tardia, quanto falha.

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