Israel X Palestina: que país é esse? (Parte II)

Por Fernanda

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No ano de 1982, Israel interveio na guerra civil do Líbano para destruir as bases da OLP e embora tenha se retirado em 1986, manteve suas tropas na fronteira até o ano 2000. A invasão do Líbano por Israel provocou a criação do grupo libanês Hezbollah, que atualmente controla várias partes do país e, apesar de ter um braço militar, realiza um trabalho voltado para o social, conquistando o apoio de grande parte da população xiita. A guerra do Líbano em 1982 foi uma das causas do conflito de 2006, quando Israel e Hezbollah se enfrentaram.

Em 1987 e 2000, sentindo-se oprimidos, os palestinos iniciaram dois levantes contra os israelenses, conhecidos respectivamente como Primeira e Segunda Intifada, sendo que a última eclodiu porque o então primeiro ministro israelense, Ariel Sharon, visitou a mesquista de Al-Aqsa, considerada sagrada pelo povo palestino.

A luta dos palestinos resultou na criação de diversos grupos militares com o objetivo de destruir Israel e restaurar a Palestina, sendo Hamas e Fatah, atualmente, os dois principais exemplos deste modelo. Percebendo a importância dessas organizações, Israel contra-atacou com uma “política de assassinatos” matando Ahmed Yassin, fundador do grupo Hamas, e tentando, sem sucesso, assassinar Khaled Meshaal, o atual líder desse grupo.

Em 1993, Yitzhak Rabin, então primeiro ministro israelense e Yasser Arafat (líder da OLP e do Fatah, futuro líder da ANP) concordaram com a criação da Aliança Nacional Palestina e com o controle palestino de algumas partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Esse acordo, conhecido como Acordo de Oslo, culminou com a morte de Rabin por um extremista judeu, logo após a assinatura do ajuste.

Formado por União Européia, Estados Unidos, Rússia e ONU, o Quarteto para o Oriente Médio havia defendido a realização de eleições livres na Palestina. Entretanto, a morte de Arafat em 2004, a insatisfação e a corrupção no Fatah abriram caminho para a vitória do Hamas nas eleições de 2006. Instalou-se aqui uma situação contraditória, já que o Quarteto exigira uma eleição “limpa”, mas foi incapaz de respeitar a decisão das urnas. Ao ver o resultado, a maior parte dos países bloqueou a ajuda aos palestinos, alegando que não dariam dinheiro a uma organização terrorista. Com a pobreza e as dificuldades econômicas chegando a níveis extremos foi instaurado, com a ajuda da Arábia Saudita, um governo de união nacional.

Mesmo após intensas negociações para a formação deste governo, os países não retiraram o bloqueio ao Hamas que, em conseqüência, buscou dinheiro com o Irã. Ainda assim, as disputas entre Hamas e Fatah desestabilizaram mais ainda a já conturbada situação palestina e atraíram mais desconfiança por parte da comunidade internacional. Os conflitos entre as duas organizações chegaram a um ponto sem retorno: o Hamas atacou Gaza e dominou a região e o Fatah se apropriou da Cisjordânia. A partir daí, a situação piorou.

Alguns países europeus e os Estados Unidos passaram a apoiar abertamente o Fatah, enviando dinheiro e treinando soldados. Enquanto isso, Israel apertava o cerco ao Hamas, em Gaza, cortando o fornecimento de energia e impedindo a entrada de alimentos acreditando que dessa forma conseguiria diminuir o apoio da população à organização.

Apesar das diversas tentativas de paz, nenhum acordo prosperou até hoje. O embate entre palestinos e israelenses vai além do conflito por um “pedaço de terra”, por uma pátria. Não se trata aqui apenas de questões étnicas, sociais, políticas, filosóficas ou religiosas. Trata-se da verdadeira fraqueza humana, aquela capaz de levar ao preconceito, a guerras, à destruição: a chamada intransigência, incapacidade de suportar e/ou respeitar aquilo que supomos ser diferentes de nós.

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