Estudo e ensino da matemática

Por Ítalo Augusto Souza de Assis

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A matemática é historicamente conhecida como uma das matérias mais difíceis e a “responsável” pelos altos índices de reprovação nas instituições de ensino. Esta afirmação já se torna quase uma crença hereditária implícita na cultura dos brasileiros. Vários autores consideram que há no Brasil um “analfabetismo” matemático causado por esta linha de pensamento.

A alfabetização é, por muitas vezes, tratada como algo distinto da matemática. Ao contrário, se a considerarmos como a apropriação de outras formas de leitura do mundo, passaremos a incluir o estudo matemático como elemento essencial da formação pré-escolar, bem como das outras fases da vida acadêmica.

É indiscutível a importância da obtenção de conhecimentos matemáticos a fim de aplicá-los no cotidiano. Sendo assim, torna-se árdua a missão de compreender o porquê destas cognições não serem de posse da maioria da população. Em parte, deve-se ao citado mito da extrema dificuldade de resolução dos problemas matemáticos. Por outro lado, constata-se um elevado número de docentes mal capacitados, que apresentam dificuldades de compartilhar o conhecimento obtido e contextualizá-lo, tornando-o acessível.

"Nos últimos 30 anos, implementou-se no Brasil a política da supervalorização de métodos pedagógicos em detrimento do conteúdo matemático na formação dos professores. Comprovamos, agora, os efeitos danosos dessa política sobre boa parte dos nossos professores. Sem entender o conteúdo do que lecionam, procuram facilitar o aprendizado utilizando técnicas pedagógicas e modismos de mérito questionável.” (Suely Druck. Artigo: O drama do ensino da matemática. Folha de S. Paulo. 25/03/2003).

Muitas instituições, nas quais o ensino desta disciplina é feita de forma superficial e, por muitas vezes, aplicado por profissionais não formados nesta área, acabam por cultivar nos alunos a idéia de que o estudo matemático é destinado a quem nasceu com dons especiais para tal aprendizagem. Este é um pensamento completamente distorcido, afinal, para aprender matemática, basta haver dedicação aos exercícios. Com esta prática o aluno fixa em sua memória os conhecimentos obtidos e se torna capaz de aplicá-los sempre que for necessário.

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“Matemática não se aprende passivamente. Os exercícios ensinam a usar conceitos e proposições, desfazem certos mal-entendidos, ajudam a fixar na mente idéias novas, dão oportunidade para explorar as fronteiras da validez das teorias expostas no texto e reconhecer a necessidade das hipóteses, apresentam aplicações dos teoremas demonstrados e informam o leitor sobre resultados adicionais...” (Elon Lages Lima. Curso de Análise, vol.1).

Destarte, medidas urgentes devem ser tomadas para que esta situação não se agrave, precisamos desmistificar o estudo da matemática e incentivar a produção acadêmica neste sentido.

Dentro deste contexto, foi realizado em Salvador, entre os dias 18 e 20 deste mês, na UFBA, o I Simpósio Internacional do Ensino da Matemática, no qual tive o privilégio de, junto a dois colegas do curso de iniciação científica, fazer um relato sobre equações de terceiro grau, além de participar de outras apresentações, as quais contribuíram para ampliar a visão acerca do estudo e ensino da matemática. Eventos como este são exemplos práticos de soluções para as questões aqui discutidas.

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