Pomba enamorada ou uma história de amor e outros contos escolhidos

Por Marla Rodrigues

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Antes do baile verde narra a preparação da jovem Tatisa para o carnaval. Com ajuda da sua empregada, pregavam, nos últimos minutos, as lantejoulas da saia da moça. Durante o trabalho, a empregada se estressava, pois iria se atrasar para o encontro som seu homem e também discutiam o fato de que o pai de Tatisa vivia seus últimos minutos. Ainda antes de sair, a menina, duvidosa da proximidade da morte do pai, desejava ir ao baile. Assim as duas saíram à porta deixando o pai desfalecendo.

A caçada fala de um homem que, visitando uma loja de antiguidades, encontra uma tapeçaria velha onde encontra alguma lembrança que não reconhece. Torna-se preso à imagem e se sente como personagem da caçada que ela ilustrava. Passou a ir à loja com freqüência para observar a peça e foi na frente dela que teve um ataque cardíaco.

O jardim selvagem fala sobre o chamado Tio Ed, casado com Daniela, um jardim selvagem. A princípio, em confidencia com a sobrinha, a Tia pombinha, irmã dele, desaprova o casamento, dizendo que Daniela vive constantemente com uma luva em uma das mãos a qual ninguém vê. No entanto, depois de conhecê-la, a acha um amor. Depois de um tempo, a empregada da casa deles conta à sobrinha de Ed que viu Daniela matar o cachorro da casa com um tiro na cabeça, afirmava que só lhe poupou da dor que a doença lhe causava. Por isso a empregada havia pedido até demissão. Dias depois chegou a notícia que Ed estava doente e depois mais tarde que ele se matara com um tiro na cabeça.

Natal na barca narra o diálogo de uma senhora com uma mulher em uma barca que cruza o rio no dia de natal. A mulher traz no colo o filho doente a quem está levando ao médico. Durante a viagem, ela conta à senhora de como perdeu o filho mais novo quando ele pulou do muro intencionando voar e como o marido a abandonou mandando uma carta depois. A senhora, sem saber o que dizer, arruma a manta do bebê e percebe que ele está morto. Nesse ponto, a embarcação chega e ela se precipita pra descer não querendo ver a dor da mulher. Porém, assim que descem o bebê acorda e a senhora vê a mãe e a criança partirem.

A ceia trata da despedida de dois amantes, em um restaurante. Ela, desesperada e apaixonada, tristemente suplica para que El a visite, mas ele afirma que acabou. No entanto foi bom durante todo o tempo e não quer romper como inimigos. Ela assume um ar sarcástico e o questiona sobre a noiva, depois lhe pede que vá embora, partindo sozinha.

Venha ver o pôr-do-sol fala da história de um casal que depois de um tempo que já haviam rompido, devido às súplicas dele, se reencontram. Ricardo marca um encontro no cemitério, Raquel vai relutante e assim conversando ele a conduz até o jazigo que dizia ser de sua família. Ele a leva até lá, a fim de mostrar-lhe a fotografia no túmulo da sua prima que tinha olhos parecidíssimos com o de Raquel. Quando entram no jazigo, Raquel vê que a data da morte da moça era muito antiga para ter sido namorada de Ricardo, mas a esse ponto ele já a trancou no jazigo, tinha até trocado a fechadura e depois vai embora enquanto as crianças brincam na rua.

Pérolas fala sobre Tomás e Lavínia, casados. Ela se prepara para uma reunião e ele, sentado, observando ela se arrumar, já imagina o que acontecera na reunião. Ele a vê com Roberto, sozinhos na sacada, próximos, sem palavras, mas sabendo que se amam. Ele lhe incentiva a ir. Quando ela procura o colar de pérolas para finalmente ir para a reunião, não o encontra. Ele o escondera para diminuir a realidade do que aconteceria na sacada, mas antes quando ela estava na calçada ele diz achar o colar e o entrega a Lavínia.

O menino narra a ida do mesmo ao cinema com sua mãe. Enquanto caminham, ele vai orgulhoso da beleza da mãe. Quando chegam ao cinema, ele, que caminhara apressado na rua, se demora na porta do cinema e manda o menino comprar doces. Finalmente entram na sala e passam por muitos assentos com vaga para duas pessoas até que chegam a um com lugar para três. O filme começa e o menino reclama da enorme cabeça na sua frente, ele tenta mudar de lugar, mas a mãe não deixa, até que se senta na cadeira vaga um homem. Depois de alguns momentos, a cabeça que o atrapalhava sai do assento e nessa hora ele vê a mãe de mãos dadas ao estranho do lado. Daí para frente à imagem da mão branca da mãe e da mão morena do homem o perturba. Pouco antes do fim do filme o homem parte. E ele e a mãe vão embora, ela alegremente. Chegando em casa, o pai já esta lá e o menino chora.

As formigas conta a história de duas amigas – uma fazia Direito e a outra Medicina – que se mudaram pra uma pensão. Chegaram ali já noite e o quarto que ocuparam parecia-se com um sótão e para se chegar nele era necessário subir uma escada estreita. No quarto, a mulher que os alugava falou que o último hóspede, também um estudante de Medicina, deixara ali um esqueleto de anão que ele usava para estudar e, que se quisessem, poderiam ficar com ele. A garota achou o máximo, afinal um esqueleto de anão é difícil para se encontrar e esse ainda estava em ótimo estado e muito limpo. Porém na mesma noite, as meninas acordaram e encontraram no quarto uma trilha de formigas que iam para o caixote com os ossinhos, elas mataram todas, e voltaram a dormir, mas no dia seguinte quando elas se falaram novamente, já que seus horários eram diferentes, a trilha de formigas que havia desaparecido não tinha sido retirada por nenhuma das duas. Foi assim que a estudante de medicina disse que no caixote os ossos pareciam se organizar aos poucos. E então naquela noite ela decidiu ficar acordada para vigiar, acontece que ela caiu no sono e quando acordou as formigas já estavam lá e mais uma parte do esqueleto se montara, assim ela acordou a amiga e elas foram embora no meio da noite antes que todo o anão estivesse formado.

Tigrela conta a historia de duas mulheres que se encontraram à noite em um bar, já se conheciam. Uma já estava lá, bebendo uísque, a outra, reconhecendo-a, veio falar com a que bebia. Esta lhe perguntou sobre a vida da conhecida e esta lhe contou que hoje vivia apenas com um tigre, fêmea, que ganhara de um namorado quando este voltou de uma viagem ao exterior. Hoje não tinha namorado, era apenas ela e a tigresa. Esta pelo convívio ali no apartamento com a mulher limitara seu tamanho ao de um gato avantajado e sua existência era como a de um humano, tomava posse dos colares da dona, implicava com a empregada, ciúmes quando a dona se envolvia com algum homem. Assim a mulher bebia uísque e contava. No dia seguinte a encontraram nua, depois de ter se atirado da janela; assim como a tigresa querendo fugir.

Herbarium, a menina morava com a tia num sítio e amava as folhas, coletava-as e guardava-as. Um dia, chegou ali, um homem que era botânico. Ficou hospedado ali e a menina naturalmente se apaixonou por ele, passou a mentir menos porque ele amava a verdade. Foi até que ele adoeceu, eram amigos, e assim ele propôs a ela um favor. Que a menina colhesse as folhas para ele e entregasse todas a ele. Ela aceitou. Passado um tempo, a outra tia que morava lá, que dizia ler cartas e coisas do gênero, previu que ele iria embora levado por uma moça, falou até a cor do vestido. A menina daí pra frente ficou apreensiva e foi assim que um dia saiu à procura de folhas e encontrou uma folha única com pintas vermelhas e a forma de uma foice. Guardou-a. Quando voltou, a moça já estava lá,a tia tinha acertado. Antes de ir embora, falou que a menina estava escondendo algo e, frente à insistência dele, entregou-lhe a única folha que encontrara.

Pomba enamorada ou uma história de amor conta a história de uma moça que se apaixonou por um cara chamado Antenor. Ela acreditava em horóscopo, macumba, simpatias e etc. Ele não. Foi assim que ela seguiu atrás dele. Telefonava, até ele dizer que se quisesse algo ele mesmo ligava, mandava presentes (como um suéter de tricô feito por ela, sendo que a cidade era quentíssima), e também cartas assinadas como pomba enamorada. Ainda insistia indo ao trabalho dele e sempre era tratada, Roni e Gilvan também. Tentou macumbas e nada, quando soube que ele ia se casar desmaiou, depois mandou um presente e desejou felicidades, tomou soda cáustica e saiu do hospital depois de um tempo. Por fim, acabou casada com Gilvan, quando anos depois uma cartomante disse que encontraria o amor de sua vida na rodoviária. Segundo ela, ele sairia de um ônibus vermelho e amarelo. A coincidência é que há pouco soube que Antenor, que não parava em emprego nenhum, havia se tornado motorista de ônibus. Assim no dia, data boa para os do signo de capricórnio, deixou a neta com a vizinha, vestiu o vestido das bodas de prata e foi para a rodoviária.

Lua crescente em Amsterdã, um ex-casal de namorados viajava juntos para Amsterdã, o local que sonhava conhecer quando eram namorados. Agora estando lá, tudo se tornara horrível, estavam sujos, esfomeados e não se amavam mais. Assim ambos estavam em um parque e iam dormir ali no banco, quando uma menina com um pedaço de bolo correu deles. Assim os dois no sentados no banco discutiam como o relacionamento deles chegara àquele estado, como a viagem se tornara tão ruim e como gostariam de ser um passarinho ou uma borboleta que só vive 24 horas. Assim, quando a menina voltou com outro pedaço de bolo, viu no banco só uma borboleta se escondendo embaixo do banco.

A estrutura de uma bolha de sabão, os dois eram amigos, ele estudava a estrutura da bolha de sabão e aquilo era essencial a ele. Talvez já tivessem sido amantes. E assim um dia, quando conversavam, a namorada dele chegou; era ciumenta. Despediram-se e ela deixou pra chorar em casa. Depois de muito tempo soube que ele estava doente, foi visitá-lo. A casa assumira uma nova imagem, a namorada causara essa mudança. Foram pro quarto para vê-lo. Ali ela percebeu que algo faltava-lhe, quando a namorada pediu licença para ir rapidinho à casa da vizinha, ela pode ver o que era. Eram as bolhas, então soube que ele morreria.

História de passarinho, conta a história de um homem que tinha um passarinho. Ele, um homem pacifico até demais, ouvia calado as queixas da mulher e não era um grande orgulho para o filho. O passarinho tentava fugir e foi assim que no dia que o homem deixou a portinha aberta, o pássaro saiu e foi comido por um gato. O filho riu da ave quando o pai descobriu. Nesse dia ele também foi embora. Sem olhar para trás e deixando a porta aberta.

Dolly, conta a história de uma moça bonita que queria ser estrela, falava inglês e era agitada. Adelaide a conheceu porque viu o anúncio que Dolly fizera para dividir sua casa com outras garotas. Adelaide morava em uma pensão, dividia o quarto e fazia datilografia e desejava ter um quarto só pra si. Encontrou-se com Dolly, que lhe contou sobre o concurso que iria participar, que poderia levá-la pra Hollywood, disse como Adelaide era bonita e que podia se candidatar também, falou como a casa era boa e espaçosa. Porém, quando Adelaide foi embora, sabia que não voltaria mais, mas ainda assim voltou no outro dia, pois esquecera seus cadernos. Além dos cadernos, ela encontrou também o corpo de Dolly. Estava na cama, uma garrafa embaixo da cama estava suja de sangue, estava vestida apenas da cintura pra cima e uma poça de sangue estava abaixo dela. Adelaide mexeu ali e depois foi embora, a vizinha ainda falou que a moça tinha dado uma festa e mais uma vez incomodara a vizinhança, Adelaide foi embora e, no ônibus, contava essa história a um “passageiro invisível”, enquanto pensava em como se livraria das luvas que usava e se sujara de uma gota de sangue. Quando chegou à pensão, sua amiga Matilde lhe contou do assassinado de uma jovem que queria ser estrela, mas que se envolvera com um certo comediante, Chico Bóia, e que esse a matara,como seu noivo tinha dito, ou por não ter querido dormir com ele ou porque ele não conseguiu chegar até o fim, o terceiro motivo esquecera. Depois, concluíram que o motivo era só a crueldade. Adelaide, ainda quando saiu do ônibus, tentou deixar as luvas no banco, já que era a última passageira, mas o cobrador as devolveu. Por fim, lançou-as no bueiro enquanto a chuva começava ao tempo que pensava que a boina que usava, combinadas com as luvas que jogara fora estragasse, ela pedia à tia que fizesse outras, mas de um vermelho da cor do vitral da casa de Dolly, e ainda marcou um lanche pro dia seguinte com o seu namorado.

Por Rebeca Cabral