As cidades invisíveis

Por Marina Cabral da Silva

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Essa é uma obra narrativa na qual Marco Polo relata para o imperador Klubai Khan suas viagens. Sempre ao voltar ao reino, Marco lhe faz os relatos das cidades visitadas.
Lugares como a cidade de Isidora onde as escadas do palácio são de caracóis marinhos, onde há fabricação perfeita de binóculos e violinos e onde o viajante na dúvida entre duas mulheres sempre conhece uma terceira e onde as brigas de galo acabam em sanguinárias brigas entre os apostadores.

Em meio há muitas narrações Klubai questiona Marco acerca de suas viagens, diz que nada lhe proporcianam além de narrações sonhadas enquanto os outros viajantes sempre lhe retornam com boas informações, como por exemplo, onde encontrar os preços mais baixos de pele. Marco lhe responde que as suas viagens são visões dos outros rumos que a vida poderia ter seguido caso outros caminhos tivessem sido seguidos.
E assim inicia nova narração como a da cidade Maurília em que o visitante enquanto a percorre é convidado a ver cartões-postais de como a cidade havia sido (na praça em vez de uma galinha, uma estação de ônibus), concluindo que a Marília dos cartões-postais não é o passado da atual cidade e sim uma cidade que teve o mesmo nome.

Marco falava de cada cidade sem uso de palavras, apenas com gestos e objetos, mas com o tempo esses foram substituídos por palavras que logo foram abandonadas voltando ao modo primário. Em certo ponto Klubai viu semelhança entre as cidades narradas e prôpos que ele falasse a Marco sobre as cidades e que ele confirmassem a existência delas ou não, já na primeira tentativa a cidade narrada era a que Marco acabara de descrever.
Vieram então mais cidades. Armil, por exemplo, composta apenas de encanamentos, da qual não se pode falar que foi abandonada antes mesmo de ser habitada por que não raramente é possível ver jovens, esbeltas mulheres dentro de banheiras, debaixo de chuveiros suspensos no nada ou se enxugando, se perfumando ou se penteando.

Klubai após sonhar com uma cidade ordena que Marco viaje e veja se ela realmente existe, no entanto nem foi necessário, pois ela não só existia como já era conhecida por ele. Em certo momento Klubai questionou a existência das cidades narradas ao que Marco respondeu que suas cidades narradas eram cidades possíveis. Conta sobre Sofrônia que é composta de duas meias cidades uma com roda-gigante, montanha-russa, carrocel e globo da morte e a outra construída com mármore, cimento e pedra, composta por escola, banco, fábricas, que ao fim da temporada se desmancha e vai embora ficando apenas a metade com montanha-russa, carrocel e etc.

Klubai decidiu que falaria sobre as cidades e Marco diria se elas existiram ou não, mas isso nunca acontecia. Mas uma vez Klubai sonhou com uma cidade que existia e assim novas narrações surgiram, como a de Bauci que quando se chega nem sabe-se que chegou, pois a cidade se sustenta acima das nuvens e os habitantes raramente são vistos em terra por terem tudo que precisam por lá. Há três hipóteses acerca dos habitantes dessa cidade; que odeiam a terra, que a respeitam evitando contato ou que a amam e ficam de lá a observando com binóculos e telescópios.
Viajando juntos a Quinsai perguntou a Marco se já vira cidade como aquela, ele respondeu que não. Klubai disse-lhe ao anoitecer que ele nunca lhe falara de Veneza, mas Marco disse que em todas as cidades narradas havia parte de Veneza ao que foi censurado. Klubai queria narração de outras cidades, se fosse lhe falar de Veneza que lhe falasse por completo, Marco justificou-se dizendo que talvez não falava completamnete por temer perdê-la.

Assim surgiram novas narrações, de cidades como Esmeraldina, Fílide, Pirra, Adelma e etc. Klubai então lhe questionou sobre o tempo dessas viagens e como parecia-lhe mais narrações sobre o passado.Veio então Moriana, Clarisse, Eusápia, Bersabéia… As narrações iniciaram através do xadrez, Klubai conhecia as cidades que Marco narrava enquanto jogavam.
Contou sobre Argia que em vez de ar tinha terra. Entre o chão e o teto tudo era cheio de terra, entre o telhado e o céu também tudo era terra. Falou sobre Turde que nada diferenciava da cidade que ele acabrara de sair, as mesmas casas com as mesmas cores e faixadas, as mesmas embalagens e os mesmos ditos.

Passaram então a observar o atlas que Klubai possuía, nele havia todas as cidades que existiram, as que existiam e as que ainda viriam a existir. Possuia cidades de todas as formas e tamanhos. E também as cidades originadas de sonhos, e ainda as cidades originadas de pesadelos e maldições.

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Por Rebeca Cabral