Professores comentam as provas do 1º dia da 2ª fase da Unicamp 2024

Os exames da Unicamp 2024 foram elogiados devido a sua coerência e sofisticação
Em 04/12/2023 12h43 , atualizado em 05/12/2023 10h09 Por Tiago Vechi

Mão escrevendo ao lado do texto- Comentário da 2ª fase da Unicamp 2024
Milhares de candidatos realizam as provas nestes dois dias
Crédito da Imagem: Shutterstock
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As provas da 2ª fase da Unicamp começaram a ser aplicadas ontem (3). Os exames realizados foram de redação, língua portuguesa, língua inglesa e ciências da natureza.

A aplicação da 2ª fase continua hoje (4), serão aplicadas as provas de matemática, ciências humanas e conhecimentos específicos. São 2.540 vagas disponíveis para 69 cursos de graduação diferentes.

Para compreender como foi o primeiro dia de provas da 2ª fase da Unicamp conversamos com professores do Poliedro e da Oficina do Estudante, especialistas nas matérias cobradas. Confira.

Redação a 2ª fase da Unicamp 2024

A prova de redação da 2ª fase da Unicamp 2024 ofereceu duas opções de texto aos candidatos. Os inscritos tiveram que escolher entre produzir uma carta-denúncia de um flagrante trabalho escravo e um discurso-resposta sobre refugiados.

Segundo Vanessa Botasso, professora do Poliedro, a Unicamp seguiu a tradição de cobrar temas relevantes e gêneros textuais de caráter argumentativo.  Ainda conforme a educadora, a prova não deve ter apresentado grande dificuldade para quem se preparou, pois os textos de apoio eram informativos, reflexivos e produtivos. 

A professora Danieli Ferreira, da Oficina do Estudante, destacou a contemporaneidade dos temas selecionados e fez uma breve análise dos gêneros, veja:

A questão do trabalho análogo à escravidão esteve em voga nos diversos casos em áreas rurais e urbanas que a mídia propagou ao longo do ano, assim como a questão dos refugiados, a qual foi amplamente discutida nos diversos episódios em que figuraram no mundo, tais como nos casos de refugiados da Síria e de diversas nacionalidades do continente africano, que buscaram e buscam, refúgio na Europa. 

 

É importante ressaltar que a prova de Redação da Unicamp, é antes de tudo, uma prova de leitura e de interpretação. O candidato precisa levar em conta os textos de apoio, seu conhecimento de mundo e tecer um texto atendendo aos comandos solicitados pela prova, conferindo à sua redação verossimilhança. É um exercício sensacional de escrita, uma vez que exige autoria do candidato, impedindo-o, muitas vezes, de usar os modelos-prontos de redação tão propalados ultimamente.

Língua portuguesa inglesa na 2ª fase da Unicamp 2024

Sobre Literatura, o professor André Barbosa, da Oficina do Estudante, ressaltou a relação estabelecida entre as leituras obrigatória e questões sociais. O educador ainda elogiou a originalidade da questão que trouxe uma paródia da “Canção do Exílio” sobre o preparo de macarrão instantâneo

A professora Liliane Negrão disse que a prova trouxe assuntos atuais, por exemplo, a linguagem neutra e as comunidades indígenas. Dessa forma, os candidatos das próximas edições devem ficar antenados nas notícias e nos debates contemporâneos. 

Sobre o exame de inglês, o professor Márcio Pantoja disse:

Prova muito bem feita e que exigiu um conhecimento externo ao texto, inclusive, de muita sofisticação

Márcio destacou uma questão que desenvolveu a interdisciplinaridade entre química em inglês. Neste item, eram apresentadas falhas do Chat GPT, ao mesmo tempo que trabalhava a importância dos professores. 

Ciência da natureza na 2ª fase da Unicamp 2024

O educador Giuliano Perina, da Oficina do Estudante, comentou sobre a questão 9 que contextualizou assuntos de Química, Física e Biologia, priorizando as duas primeiras. O item desenvolvia sobre a origem e presença de microplásticos que afetam a biota e o ecossistema que estão. 

Foi preciso analisar o processo de chegada no mar deste microplásticos e também foi pedido para que o candidato explicasse como estes materiais alteram as características do local. A resposta poderia citar variação de temperatura e a ameaça à população de tartarugas marinhas.

O professor Fabio Vilar de biologia destacou a questão que cobrava o funcionamento de um sensor de fotoplestimografia (técnica óptica que pode ser usada na detecção das alterações no volume sanguíneo no leito microvascular do tecido) e sua relação com o sistema circulatório. Foi necessário envolver padrões de concentração e relaxamento dos músculos e as variações do volume sanguíneo nos vasos.