Fuvest saiba mais sobre o exame

Conversamos com o diretor da Fuvest sobre a estrutura da prova, expectativas para o futuro e diversidade na universidade.
Em 08/10/2024 10h30 , atualizado em 08/10/2024 11h30 Por Tiago Vechi

Campus da USP. Texto na imagem: “Tudo sobre a Fuvest”
A Fuvest foi criada pela USP em 1976.
Crédito da Imagem: Divulgação - USP
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A Fuvest é a instituição responsável por desenvolver, aplicar e conduzir o vestibular da USP. Centenas de milhares de pessoas se inscrevem, anualmente, para realizar as provas da Fuvest, por exemplo, no ano de 2023, foram 110.399 candidatos inscritos.

As inscrições para as provas da Fuvest 2025 encerraram hoje, dia 8 de outubro, e com isso surgem muitas dúvidas sobre o processo seletivo. Perguntas como “O que é a Fuvest?” “Porque a prova é difícil?” ou “Quando é a prova da Fuvest” incomodam quem deseja ingressar na USP ano que vem.

Para responder essas e outras, conversamos com Gustavo Mônaco, diretor da Fuvest.

Entrevista com Gustavo Mônaco, diretor da Fuvest.

O que é Fuvest e para que serve?

A Fuvest é a organização responsável por realizar o vestibular da Universidade de São Paulo (USP). A palavra Fuvest é uma sigla para Fundação Universitária do Vestibular, apesar de associada à USP, a Fuvest não utiliza nem envia verbas para a universidade.

É uma organização de direito privado sem fins lucrativos, criada pela USP no ano de 1976. É constituída, principalmente, por dois órgãos o Conselho Curador e a Diretoria Executiva.

Provas da Fuvest

As provas da Fuvest 2025 serão aplicadas em duas fases, a primeira é no dia 17 de novembro e a segunda fase acontece nos dias 15 e 16 de dezembro. Nas duas datas, os portões se abrem às 12h e as provas começam às 13h.

Na primeira fase, a prova tem duração de 5 horas e nos dois dias da segunda fase terão 4 horas. Veja a composição das provas:

  • 1ª fase:

90 questões que abordam as seguintes matérias - Biologia, Física, Geografia, História, Inglês, Matemática, Português e Química

  • 2ª fase:

No primeiro dia são 10 questões de Português e no segundo dia serão 12 questões discursivas que abordarão entre 2 e 4 matérias a depender da graduação escolhida pelo candidato.

Estude com provas antigas da Fuvest.

Vagas Fuvest

Existem três tipos de vagas na Fuvest, são elas:

  • Ampla concorrência (50%)

  • Reservadas para escolas públicas (31,5%)

  • Reservadas para pessoas pretas, pardas e indígenas alunas de escolas públicas (18,5%)

No total, são 8.147 vagas para entrar na USP em 2025.

Resultado da Fuvest

O resultado da Fuvest será publicado no dia 24 de janeiro de 2025.

Organização da prova da Fuvest

A fim de entender a logística de uma prova da envergadura da Fuvest, questionamos ao diretor quais eram os principais desafios da organização do vestibular. Ele afirmou que existe uma preocupação muito grande com a segurança.

São 50 anos de Fuvest e não há registro de vazamentos de provas ou gabaritos. Ele afirma que todos os anos é montado um esquema de distribuição e segurança para que o histórico da instituição continue assim.

Todos os processos da elaboração até a lacração das caixas com os cadernos de prova, acontece dentro do prédio da Fuvest. Para que um funcionário da instituição acesse os locais onde estão as provas é preciso ter uma autorização.

Outro desafio comentado pelo diretor foi a necessidade de fornecer as mesmas condições para todos os candidatos. Para isso, buscam escolas de fácil acesso, que tenham o mesmo nível de acomodação, são avaliados aspectos como as condições das cadeiras, a ventilação nas salas e a estrutura dos prédios.

Assim como, são pensadas e disponibilizadas iniciativas de atendimento especializado para candidatos com condições específicas.

Por que a Fuvest é tão difícil?

Perguntamos ao diretor qual a razão das provas da Fuvest serem conteudistas, quando comparadas às provas do Enem, que tem uma característica mais interpretativa. Gustavo respondeu:

Ser conteudista, ou não ser, eu, sinceramente, acho que a Fuvest já foi muito mais no passado do que ela é hoje. Agora, a Fuvest é um vestibular que precisa ser muito difícil, nós temos por ano 110, 115, 120 mil candidatos para 8.147 vagas.

Eu preciso fazer uma seleção efetiva, se eu fizer perguntas muito fáceis, ou muito óbvias e, às vezes, perguntas interpretativas são muito óbvias, o poder de discriminação, uma discriminação positiva, este sabe e aquele não sabe, ele se perde.

Então, a gente trabalha com uma vinculação com os conteúdos ministrados no ensino médio, mas a Fuvest também tem uma tradição de fazer questões muito reflexivas, o candidato precisa pensar, não é simplesmente aplicar uma fórmula.”

O que esperar para as próximas provas da Fuvest?

Gustavo nos explica que as provas da Fuvest contam uma história, e que, cada vez mais, os exames têm caminhado na direção da interdisciplinariedade. Inclusive, ele conta que há uns 5 naos as provas já não mais se dividem em cadernos separados por temas.

Ele compartilha uma vez que cursinhos de pré-vestibular, ao corrigirem uma questão da prova de Fuvest, classificaram uma questão como Geografia, sendo que ela havia sido elaborada pela banca de Biologia.Essa característica de relcionar diferentes áreas do conhecimento se intensficará.

O objetivo dessa transformação é demonstrar que o conhecimento é unificado e para ser aplicado em sua plenitude é preciso recorrer à interdisciplinariedade.

Fuvest e Novo Ensino Médio

Gustavo conta de um documento elaborado pela Fuvest e encaminhado para a USP com propostas de alterações para os próximos vestibulares no intuito de adaptá-los para o Novo Ensino Médio aprovado no âmbito federal. 

No entanto, ele afirma que as propostas estão em fase de consideração e que toda e qualquer mudança aprovada será estabelecida de forma gradual e que os colégios de São Paulo serão devidamente notificados. 

Diversidade na Fuvest

Também perguntamos o que é feito pela Fuvest no processo seletivo para garantir a diversidade de acesso à USP. O diretor explica que as decisões de políticas afirmativas são tomadas pela USP, mas que a Fuvest é consultada nesse processo.

Ele cita a política de cotas que reserva 50% das vagas para alunos de escolas públicas e dentro desse percentual separa 18,5% para candidatos pretos, pardos e indígenas. Para se ter direito de acesso a essas vagas é necessário uma autodeclaração, no caso de integrantes de povos indígenas há mais requisitos como a declaração de uma liderança da aldeia, por exemplo.

Para candidatos pretos e pardos, é realizada uma análise da foto e se necessário, é feita uma entrevista de heteroidentificação síncrona, realizada por uma banca da USP. A Fuvest não tem participação nessa etapa.

Por que os alunos devem realizar o vestibular da Fuvest?

Por fim, questionamos o Diretor por que os alunos devem fazer a prova da Fuvest. Ele afirma que a USP é uma universidade que tem ensino, pesquisa e extensão.

Isso significa que você pode aprender fazendo e estender à comunidade aquilo que foi realizado nas salas de aula. Além disso, a USP é uma universidade pública (ou seja, gratuita) com altíssimo índice de empregabilidade com reconhecimento nacional e internacional.

Ele afirmou:

“O que o estudante tem que saber é que ele já teve a sua formação, adquiriu seus conhecimentos e, agora, ele precisa ter a tranquilidade de elaborar a sua melhor participação possível no vestibular. Ele tem que entender que ele tá competindo com ele mesmo, não to dizendo que é fácil passar, tem que ficar anos estudando para conseguir entrar na melhor universidade da América Latina.

É perseverança também, tranquilidade, demonstração de conteúdo. Se não der esse ano, tem que continuar tentando. Eu tentei duas vezes, na segunda, entrei no finalzinho da lista. Todo mundo que entra na USP está muito próximo um do outro, o que te forma como profissional é o conhecimento que você vai ter na universidade