História Contemporânea no Enem: confira os principais assuntos da prova

História no Enem é uma parte importante da prova. Confira as dicas que colhemos com professores da área para você mandar bem no seu exame

Em 01/04/2024 11h38 , atualizado em 25/04/2024 14h48
Por Tiago Vechi
A história é uma prova muito importante para o Enem 2024
Crédito da Imagem: Shutterstock

História no Enem é uma das provas mais complicadas do exame. Pois, existe uma variedade de tópicos que podem ser exigidos, desde questões sobre o Império Romano até os conflitos da Guerra Fria. 

Tanto história do Brasil quanto história global também são cobradas com regularidade nos itens do Enem. Dentre estes temas, há uma proeminência quando falamos de história contemporânea, período compreendido entre a Revolução Francesa e os dias de hoje

Por isso, conversamos com três professores para te fornecer conselhos de estudo e dicas de aprendizagem. Nós ouvimos Diogo Lúcio, professor e autor de material didático da Rede Pitágoras, Gabrieli Priscila e Jota Ferreira, ambos professores do Curso Poliedro Campinas.

Confira o que descobrimos!

Professor Diogo Lúcio

Enem 2024: O que estudar de história contemporânea?

Primeiro, quisemos saber quais assuntos merecem destaque dentro da prova de história contemporânea no Enem 2024. Segundo Diogo Lúcio, é bom prestar atenção nos 30 anos de fim do Aparheid, 60 anos do golpe civil-militar do Brasil e nos 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos. 

A professora Gabrieli ressaltou a compreensão dos processos da Revolução Industrial, o avançar da Guerra Fria, o desenvolvimento do capitalismo e os movimentos sociais do século XIX e XX. 

Enem 2024: como estudar história?

O professor Diogo e a professora Gabrieli destacaram a importância da leitura para a compreensão dos temas de história. A educadora ainda recomendou a produção de resumos, enquanto o educador, comentou sobre a necessidade de se entender os fatos históricos de uma maneira global.

Também é necessária garantir que suas fontes de leitura sejam confiáveis, como livros didáticos e artigos de universidades. Para te ajudar a entender como a matéria funciona dentro da prova do Enem, o aconselhado é fazer as provas antigas e procurar aulas de professores especializados em Enem e vestibulares.   

Tópicos de história no Enem 2024

História geral para o Enem 2024

Revolução Francesa no Enem

O evento que marca o início da Idade Contemporânea é a Revolução Francesa. A fim de compreendermos melhor os resultados deste movimento político, pedimos ao professor Diogo que explicasse as características da Constituição Francesa de 1791, pois a Revolução aconteceu em 1789. 

Ele nos disse que esta constituição é compreendida como liberal e burguesa. Afinal, foi elaborada pelos burgueses (comerciantes) que protagonizaram a derrubada da nobreza na França.

Sendo assim, é perceptível o pensamento iluminista na defesa da igualdade civil, no rompimento com a divisão da sociedade baseada no feudalismo e na criação do sistema de monarquia parlamentarista. O professor destaca que a cidadania ainda era restrita aos homens, com renda, mas que ainda assim, foi um passo a mais na construção de uma sociedade democrática.

2ª Guerra Mundial no Enem

Outro assunto muito abordado nas provas de história do Enem, é a 2ª Guerra Mundial. Pedimos ao professor Diogo que nos contasse as principais características dos regimes que estavam em conflito nesta época. 

Sobre o capitalismo dos Estados Unidos, ele destacou a defesa dos sistemas democráticos como garantia das liberdades individuais e o livre comércio pensado para o desenvolvimento econômico. Além disso, ele explica que os Estado Unidos vinham da recessão de 1929, então o modelo econômico passava por uma remodulação, chamada de Keynesianismo.

Neste modelo econômico, as intervenções do estado se fazem mais frequentes no mercado

Para a União Soviética (URSS), no seu período de stalinismo, o educador ressaltou a centralidade da figura do Líder, Stálin, na ideologia e na produção cultural da época. Já no campo econômico-social, a URSS estava em franco crescimento com uma economia planificada, geração de empregos e o desenvolvimento da infraestrutura. 

Soldados Aliados atacando Holanda Alemã. Fonte: Shutterstock

Por fim, ele nos explicou mais sobre o Nazismo Alemão. Este regime se inspirou nas ideias do fascismo italiano, mas é ainda mais apegado ao racismo. Com a ideia de superioridade do homem, ariano e alemão. 

Essa perspectiva racista abriu caminho para um dos maiores genocídios da história da humanidade, o Holocausto. Entre outras características deste regime ditatorial estão:

  • o militarismo,

  • culto ao líder,

  • nacionalismo exacerbado,

  • conservadorismo,

  • uni partidarismo,

  • antidemocrático,

  • antiliberal,

  • contrariedade ao socialismo/comunismo e

  • defesa da intervenção do Estado na economia.

América espanhola no Enem

Outro tema de relevância para a prova do Enem é a colonização e o processo de independência da América Espanhola. Pedimos ao professor Diogo que nos explicasse como foi o desenvolvimento da independência desta região do continente.

O professor nos explica que alguns dos principais motivos da independência a América Espanhola também estão relacionados ao iluminismo e Revolução Francesa. Segundo ele, as ideias filosóficas da bem sucedida Independência Americana também influenciaram as elites locais. 

Além disso, com o domínio de Napoleão sobre a Espanha, as colônias experimentaram uma maior liberdade econômica. Quando a Espanha tentou reestabelecer o domínio que havia anteriormente, a elite local das colônias ficou insatisfeita.

História do Brasil para o Enem 2024

Brasil colônia no Enem

História do Brasil é um dos temas principais na prova de humanas do Enem. Para compreender bem a história contemporânea do Brasil, é preciso assimilar mudanças importantes na época da colônia brasileira. Por isso, iremos explorar alguns tópicos deste tema nesta matéria também. Quem nos ajudou nesta etapa, foi o professor Jota Ferreira, do Curso Poliedro.

A primeira questão que pedimos ajuda para entender foi sobre o sistema escravocrata no Brasil. Perguntamos por que houve a mudança da escravização dos povos nativos locais para o sistema de tráfico humano da escravização dos povos africanos. 

O professor nos explica que, com a chegada dos portugueses no Brasil, foi implantada a perseguição e escravização dos povos indígenas de maneira sistemática. Entretanto, em 1570, cerca de 40 anos após a invasão europeia, foi aprovada a primeira lei que proibia a escravização dos povos nativos. 

 Para essa transição, o professor explica duas razões:

  1. O lucro vindo do tráfico de pessoas

  2. Interesses da Igreja Católica

Para explicar o primeiro aspecto, Jota, diz que a lucratividade que vinha do "comércio da escravidão" para a Coroa Portuguesa e para os traficantes africanos era muito alta. Se igualando, inclusive, a venda açúcar e de outras especiarias. Além disso, a África contava com reinos e impérios que já utilizavam a escravidão como regime econômico, assim como os Império Europeus.

O professor também diz:

Somente no Brasil desembarcaram, até meados do século XIX, cerca de 5 milhões de pessoas traficadas como escravas. Outras muitas milhões morreram no caminho, numa viagem altamente insalubre e perigosa.

Outra explicação são os interesses da Igreja Católica na "catequização" dos povos indígenas. Segundo a instituição religiosa, na época, os nativos só poderiam ser escravizados por conta de uma "guerra justa", ou seja, se eles se rebelassem contra a dominação europeia.

O professor detalha:

Assim, ao invés de prejudicar a missão de espalhar a fé cristã, Portugal decidiu pela utilização do trabalho de escravos africanos. Nesse sentido, é importante ressaltar que a Igreja católica não questionou, de forma sistemática, a escravidão africana. Para a Igreja, os povos africanos deveriam pagar pelo pecado de terem vindo de uma região na qual o islamismo avançou com muita força nos séculos anteriores. Dessa forma, dentro da perspectiva de uma cruzada, a escravidão seria razoavelmente aceita pelos mandatários católicos.

Pintura de Jean-Baptiste Debret que representa a sociedade escravocrata brasileira

Brasil Império no Enem

Após a independência do Brasil, veio o período de império. Para entender melhor este recorte histórico, pedimos ao professor que nos explicasse as principais características da Constituição de 1824.

O professor nos explica que na época do desenvolvimento da constituição de 1824, havia dois grupos disputando poder, o Partido Brasileiro e o Partido Português. O primeiro queria restringir o poder do imperador, enquanto o segundo grupo queria mantê-lo.

O Partido Brasileiro tentou promulgar uma carta, chamada de Constituição da Mandioca, pois estabelecia que só podia votar quem tivesse um número determinado de pés de mandioca em suas terras. Esse texto foi negado pelo imperador e alguns políticos favoráveis chegaram a ser presos. 

Em 1824, Dom Pedro aprovou o que seria a nossa primeira constituição. Dentre suas características, o educador destaca:

  • Criação do Poder Moderador: Além dos poderes judiciário, legislativo e executivo; havia o poder moderador que dava condição do imperador de controlar os três poderes.

  • Absolutismo disfarçado: Mesmo com um regime de absolutismo estabelecido, tentava-se dar uma aparência iluminista na situação política, mas sem prejudicar os poderes do imperador. 

  • Vínculo entre Igreja e Estado: Os funcionários da Igreja recebiam até salário pago pelo estado e o Imperador era o patrono da Igreja.

  • Cidadãos são os "ingênuos e libertos": A constituição ignorava a existência de pessoas escravizadas no país para dar uma aparência liberal ao texto. Era determinado que os cidadãos eram os "ingênuos e os libertos", sendo os ingênuos, homens que nasceram livres e os libertos, os escravos alforriados.

  • Voto censitário por renda: O critério para permitir a participação nas eleições não era mais por pés de mandioca e sim um renda mínima.

Constituição de 1824. Fonte: Wikicommons

Guerra de Canudos no Enem

Com a queda do Império Brasileiro e o estabelecimento da República, novas instabilidades, guerras e revoltas se instauraram no país. Uma das mais proeminentes, neste período, foi a Guerra de Canudos.  

Pedimos ao professor Jota para nos explicar como começou este conflito. O educador explica que com a fome e a miséria presentes nos sertões brasileiros e decorrentes da ação predatória dos coronéis, muitas pessoas procuraram por refúgios espirituais em figuras messiânicas que surgiram em diversos locais.

Dentre estas personagens, está Antônio Conselheiro, que já atuava na época do Império, inclusive chamando a atenção da Igreja Católica por conta da proporção que suas pregações chegaram. A Igreja chegou a levá-lo para a prisão e ele foi solto no ano de 1877. Depois voltou a pregar, tendo ainda mais sucesso na aglomeração das pessoas. 

Com a Proclamação da República, em 1889, Antônio Conselheiro se pôs contra a República por uma série de questões, inclusive por ser contra o estado laico. Ele começou a ser perseguido e se refugiou na Fazendo de Canudos.

Rapidamente, foi construído o arraial de Belo Monte, onde se refugiaram mais de 30 mil sertanejos. O Governo da Bahia e os coronéis tentaram destruir o local duas vezes, mas não conseguiram, depois o exército brasileiro também tentou e fracassou. Apenas na quarta tentativa, o exército brasileiro logrou em invadir o local e deixou mais de 20 mil mortos.

Os trágicos episódios foram narrados por Eucliddes da Cunha, o professor nos explica:

Narrados pelo então jornalista Euclides da Cunha, em suas colunas no jornal o Estado de S. Paulo. Munido de uma rica fonte de informação, ele usaria a Guerra de Canudos como base para escrever, anos mais tarde, o livro Os Sertões. Considerado um dos maiores clássicos da literatura brasileira, a obra-prima de Euclides da Cunha ajudaria a fomentar a construção de uma memória histórica que afirma Canudos como o maior movimento popular da História do Brasil.