História de acidentes nucleares no Enem
Por vezes aparece o tema da História de acidentes nucleares no Enem, já que dá margem para questões interdisciplinares. O texto apresenta uma dica sobre isso.
Olá pessoal, tudo certo?!
No texto de hoje trazemos uma dica sobre as possíveis abordagens do Enem no que se refere à história dos acidentes nucleares. Trazemos também a análise de uma questão do Enem de 2011 que abordou o tema da explosão do reator de uma usina nuclear em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Esta dica será importante para você saber como um tema específico da história recente pode ter uma abordagem interdisciplinar.
Pois bem, desde a descoberta de elementos químicos radioativos, como o urânio, o polônio e o rádio, no início do século XX, o mundo se divide entre opiniões favoráveis e desfavoráveis a respeito de tais elementos.
Acontecimentos como o lançamento das bombas atômicas em solo japonês, em agosto de 1945 (considerando que cada uma das duas bombas foi fabricada a partir de um elemento químico diferente – urânio e polônio) e a disseminação do elemento rádio em produtos cosméticos nas primeiras décadas do século XX, bem como o acidente de Chernobyl, decorrente da explosão do reator de uma usina nuclear (algo que, recentemente, ocorreu em escala menor na cidade de Fukushima, no Japão) e o acidente com o césio 137 em Goiânia, no ano de 1987, decorrente da ruptura de uma cápsula contendo o referido elemento químico, extraída de um aparelho de radioterapia, abandonado, são exemplos de consequências negativas destes elementos.
Entretanto, de outra parte, temos o tratamento radioterápico contra o câncer, a geração de energia elétrica a partir de usinas nucleares (principalmente em regiões onde não há fontes “limpas” de geração de energia, como a água), os submarinos movidos a energia nuclear e vários outros exemplos dos benefícios que a descoberta dos elementos químicos radioativos nos proporcionaram.
Nota-se, desse modo, que a relação do ser humano com a tecnologia e com a manipulação da natureza é sempre dúbia – tanto perigosa quanto benéfica – e exige prudência e racionalidade. No caso específico dos acidentes de Chernobyl e Goiânia, percebemos que o uso dos elementos químicos urânio e césio, respectivamente, tinha finalidade benéfica, isto é: gerar energia e tratar o câncer. Porém, apesar de toda racionalidade empregada na construção, manutenção e cuidado com o uso de ambos elementos, os acidentes aconteceram. Tanto por razões técnicas quanto por falha humana.
Vocês percebem que este tema é muito vasto e pode desencadear grandes discussões, em várias áreas do conhecimento. É por isso que destacamos o caráter interdisciplinar desse tema. A história dos acidentes nucleares pode envolver áreas como: física, química, história, biologia (e ecologia), geografia, filosofia e sociologia. E a questão do Enem que analisamos traz essa proposta de interdisciplinaridade. É preciso ficar atento a isto, pois há, frequentemente, uma mescla entre a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias e outras áreas do conhecimento na prova do Enem. Passemos, pois, à análise da questão.
Vejamos, abaixo, a questão de número 23, do caderno azul 1, do Enem de 2011(a reposta correta está destacada na cor verde):
Acidentes nucleares podem ser abordados no Enem, como no exemplo acima
Repare que a questão se estrutura a partir de um texto adaptado do filósofo e psicanalista francês Félix Guattari, extraído do livro “As três ecologias”, e exige que o candidato assinale, a partir do texto, a alternativa que se adeque à proposta do autor acerca da relação do homem com a natureza. O exemplo que Guattari usa para sua reflexão é o acidente com o reator nuclear da usina de Chernobyl – ao qual já fizemos referência acima.
Uma leitura atenta do texto, num primeiro momento, ressalta os limites técnico-científicos da humanidade e usa a expressão “marchas-à-ré” para se referir ao impacto que um acidente como o de Chernobyl pode provocar na história do progresso tecnológico humano. Num segundo momento, Guattari propõe (é isto que a questão exige perceber) uma “gestão mais coletiva […] para orientar as ciências e as técnicas em direção a finalidades mais humanas.”
A alternativa A está correta pois é a única a apresentar um elemento que está explícito no texto (a proposta a partir de interesses coletivos) e a acentuar uma postura de ponderação com relação ao exemplo dado – o acidente nuclear. As demais alternativas se limitam a indicar propostas que tangenciam problemáticas próximas às apresentadas no texto, como as relações entre homem e natureza e homem e tecnologia, mas sem ir direto ao ponto.
Sendo assim, fiquem atentos a temas como esse, por conta da interdisciplinaridade, que pode englobar conhecimentos específicos de várias áreas e problemáticas de teor mais complexo e filosófico, tais como as relações apontadas no parágrafo anterior.
Ademais, atentem-se também para a leitura cuidadosa dos textos das questões. Um boa interpretação é decisiva.
Bons Estudos!!