Pronatec 2.0: sonho ou realidade?

Mesmo com números expressivos e avanço significativo, Pronatec continua dividindo opiniões.
Em 23/06/2014 14h35 , atualizado em 23/06/2014 15h11 Por Wanja Borges

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Criado em 2011 e qualificado como a maior reforma da educação profissional na história do país, pela presidente Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) chega à segunda etapa com a promessa de beneficiar 12 milhões de jovens e trabalhadores de mais de quatro mil cidades do país. Lançado na última quarta-feira, 18 de junho, o Pronatec 2.0 oferecerá novas oportunidades em 220 cursos técnicos e 646 cursos de qualificação, a partir de 2015.

Na primeira fase, cerca de 7,5 milhões de brasileiros de baixa renda e que concluíram o ensino médio, preferencialmente na rede pública, já foram beneficiados com as vagas gratuitas ofertadas em cursos técnicos, de Formação Inicial e Continuada ou de qualificação profissional. No próximo ano, além de mais opções de cursos direcionados à formação empreendedora, 46 campi de institutos federais de educação, ciência e tecnologia serão inaugurados.

Outra novidade é a regulamentação do itinerário informativo, que possibilita o aproveitamento do conhecimento adquirido em um curso de formação profissional, para efeito de carga curricular, em um curso de nível superior. Tudo isso com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica; construir, reformar e ampliar as escolas que oferecem esses tipos de cursos; aumentar as oportunidades educacionais aos trabalhadores; e melhorar a qualidade do ensino médio.

Mesmo com números expressivos e avanço significativo, o Pronatec continua dividindo opiniões. Enquanto o Programa é bem recebido pelo setor produtivo, principalmente em decorrência da falta de mão de obra qualificada, e por estudantes que desejam uma inserção rápida no mercado de trabalho, existe um certo questionamento acerca da empregabilidade, que muitas vezes é comprometida pela falta de infraestrutura dos municípios, que inviabiliza a realização de estágios, por exemplo. Geralmente a vaga é aberta, o curso é oferecido, mas os alunos não têm onde praticar a teoria. 

A taxa de evasão, cada vez maior, é outro fator preocupante. Na maioria dos casos, os alunos têm interesse em fazer um curso, mas não possuem base educacional para acompanhá-lo e, por isso, acabam desistindo no meio do caminho. E é com base nesta realidade que educadores questionam se a iniciativa é capaz de melhorar a qualidade do ensino médio no país, já que a formação é concomitante e não terá efeito direto nas escolas. A falta de infraestrutura adequada dos cursos técnicos e de pessoal qualificado também aparecem entre os principais entraves. 

Não há dúvidas de que a iniciativa é válida por associar formação acadêmica com vida profissional e por atender um público diferente, que até pouco tempo era esquecido. O Pronatec está garantindo o seu espaço, a cada dia, mas a pergunta que fica é se a iniciativa será uma das respostas à crise do ensino médio, como apostou nossa presidente.

E você, leitor? Qual sua opinião? Você acha que essa articulação que o Pronatec promove entre ensino técnico e regular pode contribuir para melhorar a qualidade da educação secundária?