Esta é mais uma triste estatística entre tantas outras vergonhas para o povo brasileiro, revelada na semana passada pelo Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime, o Unodoc. Enquanto em todo mundo o consumo de cocaína caiu 15% – na maioria dos países a percentagem diminuiu ou ficou estagnada – em nosso país esse número subiu.
É o que traz o Relatório Mundial sobre Drogas 2009, feito pelo órgão ligado à ONU. Em números brutos: no ano de 2007 eram 890 mil usuários da droga, o que representa um total de 0,7% da nossa população entre 12 e 65 anos. Com este dado, estamos no topo entre os maiores consumidores da América Latina.
De acordo com especialistas, esta disparidade entre os dados mundiais e brasileiros se deve a dois fatores. O primeiro deles é a melhora na situação econômica dos habitantes, o que aumentou a possibilidade de aquisição da cocaína. O crescimento nas estatísticas de apreensões da droga também é significativo para estas constatações. Ainda em 2007, ocupávamos o 10º lugar no mundo neste quesito.
Não se pode esquecer também que fazemos fronteira direta com os principais produtores de cocaína do planeta: Colômbia, Peru e Bolívia. Ou seja, a entrada da droga é facilitada por demarcações cada vez mais livres para sua circulação. Aliás, somos um dos principais caminhos para que o entorpecente chegue aos maiores consumidores mundiai: Estados Unidos e Europa.
Mas as más notícias não ficam por aí. O consumo de crack em território brasileiro também vem avançando de forma descontrolada. Em um ano, o número de apreensões triplicou, passando de 145 mil para 578 mil quilos. Por quê? Ela é mais barata que a cocaína. Mesmo viciando mais rapidamente, atrai cada vez mais e mais consumidores.
E tem outra! Está na moda entre os jovens da classe média alta brasileira o famoso ecstasy, droga sintética originada na Europa e que de lá se espalhou para o resto do mundo. Só para se ter uma ideia, em 2006, cerca de 11.440 unidades foram coletadas pela polícia em todo o país. Um ano depois, a estatística pulou para 211 mil pílulas. Muitas delas em consequência do desmantelamento de laboratórios clandestinos no próprio território, como o que aconteceu com um no Paraná, no ano passado.
A ONU é clara ao enfatizar que a venda de drogas se mostra mais forte em regiões sem a presença ativa do Estado para controlar o negócio ilícito. Precisa falar mais alguma coisa ou já disse tudo? Enquanto o consumo cresce a cada ano, nenhum sinal de ação por parte da União, estados ou municípios.
Ecstasy, cocaína e crack: elas estão cada vez mais inseridas no mercado brasileiro
Mas então, o que fazer?
Assim como as campanhas contra o uso do tabaco têm se mostrado eficazes no país, apesar dos cabeças duras que ainda insistem em continuar no vício da nicotina, práticas semelhantes devem ser adotadas para o combate do uso de drogas.
Outra atitude que deveria ser tomada, segundo a própria ONU, é dar uma atenção maior aos usuários, que por muitos ainda são considerados criminosos, mas não passam de doentes precisando de tratamento médico urgente. O melhor remédio seria a prevenção, com investimentos sociais na área de educação, moradia, saúde. O ideal é cortar a raiz de problemas da nossa sociedade que levam o indivíduo a entrar neste mundo pantanoso, que pode levar à areia movediça do crime.
A organização também é enfática ao mostrar sua posição contrária à legalização do uso de entorpecentes ilegais em qualquer federação, seja ela rica ou pobre. Eis o que disse o diretor executivo da Unodoc em entrevista à Agência Brasil: “A legalização não é uma varinha mágica que acabaria tanto com o crime organizado quanto com o abuso de drogas”.
Então qual será a saída para este problema social tão grave? A educação dentro de casa e nas escolas não está sendo suficiente para evitar o contato do jovem brasileiro com o mundo dos entorpecentes? Você é a favor ou contra a legalização do uso de drogas ilícitas no país? Qual deve ser a ação tomada pelo governo para diminuir o consumo de drogas tão perigosas para o ser humano? Participe!