Dia da Consciência Negra e as cotas raciais

Em 20/11/2009 17h09 Por Adriano Lesme

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Hoje, dia 20 de novembro, se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra. Alguns Estados decretaram feriado, outros não, e alguns têm apenas algumas cidades que adotaram, ou seja, a legitimidade do feriado levanta discussões assim como o sistema de cotas em universidades brasileiras. Mas vamos primeiro falar do feriado.

A data foi escolhida para coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência à escravidão no país. Os negros tiveram uma importância grande no desenvolvimento do Brasil, principalmente com a mão de obra na zona rural, porém passaram por anos de injustiça e trabalho forçado, fato que para mim já é motivo suficiente para legitimar não só a celebração da data, mas também o feriado.


Zumbi dos Palmares

Talvez o nome escolhido para a data não seja o ideal. Os comentários contra o feriado baseiam-se em dois fatos. O primeiro é que já existem muitos no Brasil, e o segundo é que se existe Dia da Consciência Negra, deveria ter de todas as outras raças, se é que se pode dividir a raça humana. Então, se Tiradentes tem seu feriado por ser símbolo da luta a favor da independência , Zumbi pode ter o seu pela luta contra a escravidão. Mas essa é minha visão, vocês podem expressar a de vocês na parte de comentários.

Agora vamos as cotas raciais. Uma vez um professor da minha antiga faculdade me disse que as cotas em instituições de ensino brasileiras não é a solução para o problema social, mas ameniza a situação em curto e médio prazo. É essa a visão que eu tenho dessa prática adotada por 37,3% das instituições públicas, dados do Censo da Educação Superior, de 2007.

Para mim, o sistema de cotas, assim como o decreto do feriado do Dia da Consciência Negra, é o jeito mais fácil e barato de pedir desculpas pela injustiça feita aos negros desde a colonização do Brasil. O governo cria o feriado, implementa as cotas, mas não faz o ideal, que é investir no acesso dos negros e da população carente às escolas, começando por uma excelente alfabetização.

O sistema de cotas é polêmico, não segue um padrão e comete muitas injustiças no acesso às instituições de ensino. Atualmente, grandes universidades brasileiras estão com seus sistemas de cotas sob julgamento, como a UFU e a UFRGS, por exemplo. As cotas até aumentam o preconceito, visto que cotistas podem entrar na universidade, mesmo com uma nota inferior a de quem foi reprovado. Enfim, é um assunto delicado.


Gemeos na UnB, em 2007: um foi aceito no sistema de cotas, o outro não.

Em curto prazo a solução é essa mesmo. O governo não pode é achar que essa atitude irá resolver a desigualdade social. Se tem dinheiro para gastar com Copa e Olimpíadas, então tem para investir em boas escolas públicas, principalmente de ensino fundamental, para que no futuro o sistema de cotas possa ser banido. É como uma estrada esburacada: o governo pode simplesmente tapar o buraco ou fazer um asfalto mais resistente.

O que vocês acham?