100 anos da Imigração Japonesa no Brasil

Em 18/06/2008 12h31 , atualizado em 19/06/2008 14h41 Por Camila Mitye

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Quando chegou ao Brasil, em 1925, o jovem Tadashi Noda desconhecia como seria sua vida por aqui. No Japão, sua terra natal, morava na província de Miyazaki, sudoeste do país. Lá, conheceu sua esposa, Sizu Noda, por quem fez um grande sacrifício.


Tadashi Eto, ainda solteiro no Japão

O nome de família de Tadashi era Eto, porém, ao propor casamento à Sizu, o pai da moça Hidetoshi Noda, impôs uma condição: como ele só tinha filhas mulheres e Sizu era a primeira a se casar, o marido teria de adotar o nome de sua família, para que os Noda não se extingüissem. Tadashi pôs de lado sua honra, abriu mão de passar adiante o nome de sua família e passou a se chamar Noda, como a família da esposa.

Assim, o casal Noda embarcou rumo ao sonho brasileiro. Sizu já esperava em seu ventre o primeiro dos dez filhos que os dois teriam e criariam no Brasil. Aportaram em Santos e de lá seguiram para o Paraná, onde viveram por muito tempo. Trabalharam como lavradores, com a terra do solo brasileiro.


O cartaz que convidava os japoneses para o Brasil

Como milhares de outros imigrantes japoneses, Tadashi e Sizu nunca mais voltaram ao Japão. Por aqui viveram, criaram seus filhos, viram seus netos e morreram. Seus netos casaram-se e tiveram filhos, os muitos nikkeis da família Noda no Brasil. Filhos, netos e bisnetos de Tadashi e Sizu fizeram e ainda fazem o caminho inverso dos dois: viajam ao Japão em busca de melhores condições de vida.

Neste 18 de junho, dia de comemoração dos 100 anos de imigração japonesa no Brasil, tomei a liberdade de contar-lhes a história de meu bisavô, Tadashi, e minha bisavó, Sizu. Não os conheci, mas devo a eles o que sou hoje. Pela coragem dos dois de abandonar o Japão e seguir para um país longínquo e desconhecido, minha família paterna hoje existe.

Contar a história de meu hijichan (bisavô) e minha hibachan (bisavó) a vocês foi uma forma que encontrei de mostrar um pouco o que representam esses 100 anos. Desde que os primeiros japoneses chegaram, as sementes de milhares de famílias nipo-brasileiras foram plantadas. Hoje, os nikkeis, apesar de muitos ainda possuírem os traços de seus ancestrais, são brasileiros. Nisseis e sanseis, ou filhos e netos dos japoneses, ajudaram a construir o Brasil ao longo deste século e preservaram consigo as tradições e costumes do Japão.

Talvez você tenha uma história parecida ou até mais bonita que a minha. Mas talvez nem tenha origens japonesas e esteja se perguntando: e daí? Bom, em ano de vestibular, você precisa acompanhar de perto todas as manifestações culturais e sociais que estejam acontecendo em nosso país. Além disso, esses cem anos não representam apenas um fato histórico. A colônia japonesa no Brasil é a maior fora do próprio Japão e seus descendentes trouxeram inúmeras influências para a sociedade brasileira.

Outro fato curioso que diz bastante respeito ao seu dia-a-dia de vestibulando é o seguinte: apesar de serem 0,7% da população brasileira, os nikkeis representam, em média, 15% dos aprovados da Fuvest. Portanto, é comum encontrar sobrenomes como Nishikawa, Sakamoto e Ota nas listas de aprovados dos maiores vestibulares do país. Então, quando estiver pensando em dar uma paradinha nos estudos, lembre-se que um japonês estará estudando enquanto você dorme e acabará roubando a sua vaga (brincadeirinha)!

Brincadeiras à parte, o importante é ter respeito e principalmente admiração por esse povo que começou nas lavouras brasileiras e, aos poucos, ajudou cidades e estados brasileiros a se desenvolverem. Omedetoo gozaimasu (parabéns) aos descendentes!

O Brasil Escola fez um especial incrível sobre os 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil. Lá você vai saber como foi a chegada do navio Kasato Maru, em 1908, onde são as principais colônias no Brasil e curiosidades sobre a culinária e a língua japonesa. Além disso, saiba o que aprendemos com os japoneses.