- Banco de redações

    Uma das frases mais conhecidas do filósofo Voltaire é: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la”. Tal assertiva traz uma visão ampla acerca dos valores de liberdade e de respeito presentes na sociedade, a qual associa diferentes perspectivas de ética, reflexão e responsabilidade ao direito de opinar ou criticar, o que caracteriza a liberdade de expressão. Essa, no entanto, perpetua discussões em diferentes âmbitos sociais, como o politico e o religioso. Cabe, então, avaliar tais fatos e os limites que os envolvem.

    Em um primeiro plano, é incontestável afirmar o quanto a sociedade, ao longo da história, trouxe a liberdade de expressão como aspecto alienador à vivência social entre os povos. Na Idade Média, por exemplo, o direito de expressar uma opinião era exclusivo do clero e da nobreza, reprimindo qualquer opinião contrária. Atualmente, a democracia contrasta com tal passagem histórica ao possibilitar a difusão de diferentes ideias nas variadas classes sociais, permitindo a formação de movimentos e protestos contra o governo e a favor de interesses democráticos. Desse modo, fica claro que a liberdade de expressão, quando corretamente utilizada, é benéfica no que tange ao desenvolvimento da sociedade.

    Entretanto, o uso cada vez maior, por algumas pessoas, da liberdade para fomentar humor provocativo e críticas desagradáveis, abala a estruturação do direito de se expressar. A religião, por exemplo, é um desses aspectos, na medida em que há insultos da fé das pessoas e das palavras reproduzidas por elas, o que, de fato, prejudica as integridades de um indivíduo e põe em risco a segurança das pessoas, visto que há uma ideia de raiva e superioridade, como ocorreu na perseguição aos judeus por Hitler.

    Infere-se, portanto, que a liberdade de expressão é confundida, muitas vezes, com a liberdade de insultar. Desse modo, torna-se evidente a necessidade da imposição de políticas públicas que fomentem a reflexão das pessoas. As crianças, desde cedo, devem aprender na escola e na família, os valores da ética, do respeito e da responsabilidade, com relação ao direito de se expressar livremente. Os limites da liberdade de expressão devem se estender ao âmbito religioso, reprimindo as ofensas. Ademais, os grupos sociais devem usar os benefícios da liberdade individual em favor de um todo, promovendo a segurança social. Só assim, será, ao menos, possível estender, por toda a sociedade, o respeito em favor da liberdade de expressão, defendido por Voltaire.