Uma questão de limites - Banco de redações

O atentado ao jornal Charlie Hebdo, no início de 2015, desencadeou uma onda de protestos, revoltas e discussões sobre a temática da liberdade de expressão. As charges evidenciadas pelo veículo midiático traziam julgamentos sobre religiões, preceitos sobre culturas e o etnocentrismo atenuado nas caricaturas. O filósofo Montesquieu dizia que o homem tende a abusar do poder que possui e o semanário francês passou dos limites da liberdade que lhe foi concedida. Reforçar tais limites, portanto, parece hoje se fazer necessário.

A invasão e o desrespeito, ao lidar com aspéctos aspectos polêmicos da sociedade, nas matérias jornalísticas(,) se tornam cada vez mais frequentes. Tratar de temas como preferências, dogmas religiosos, opção sexual, crenças ou hábitos culturais é arriscado em veículos de ampla visibilidade, afinal os leitores, familiarizados ou não com o assunto, esperam o respeito ao se tratar dele.

Por mais que a liberdade de imprensa seja um direito, a legislação brasileira considera crime induzir ou incitar o preconceito. Um conteúdo que hostiliza, mesmo que produzido com a finalidade de provocar o humor, é incluído na categoria de intolerância. O desrespeito não deve ser propagado de forma nenhuma, afinal, não há graça ou notícia em algo que diminui, exclui ou julga com etnocentrismo o outro.

Portanto, limites devem ser adquiridos para a liberdade de expressão, já que temas polêmicos ou exclusivos de alguns núcleos populacionais têm sido tratados com desrespeito e julgados sem precedentes. Necessitam-se, assim, de sanções que guiem e freiem o homem quanto ao exercício de sua liberdade. Não abusando do poder que lhe foi concedido, o convívio em sociedade se torna efetivamente praticado.