Crítica sem discernimento não condiz com liberdade de expressão - Banco de redações

   A liberdade é uma garantia inerente a todo ser humano, mas que infelizmente não vem sendo muito bem utilizada por determinados indivíduos, uma vez que a estes lhes falta justamente aquilo que o conceito de livre arbítrio traz implicitamente consigo: responsabilidade e respeito. Nesse contexto, não há que se falar em restrição da liberdade de expressão, pois quem faz bem bom uso desse direito não está sujeito a nenhum tipo de medida corretiva. No entanto, já não se pode dizer o mesmo em relação àqueles que emitem opiniões que desrespeitam as crenças dos outros (não restando dúvida de que estes empregam de maneira indevida a liberdade de expressão).

   Ademais, (a) liberdade pode ser definida como uma regalia que permite a cada um agir conforme sua própria vontade. Já (a) liberdade de expressão é a prerrogativa que um indivíduo detém para poder expor opiniões, além de afirmar convicções pelas quais acredita sem que haja nenhum tipo de impedimento para tal. Ainda, cabe mencionar também que de modo algum pode haver confusão entre os termos liberdade e libertinagem (esta última simplesmente descreve um mau uso da liberdade pelo indivíduo). Logo, evidencia-se que uma pessoa libertária (que preza pela liberdade) defende com vigor os valores morais, ao passo que um libertino sequer percebe que eles existem exatamente para impor certos limites às pessoas, a fim de haver assim um bom convívio social.

   Assim sendo, o jornal Charlie Hebdo seria na verdade um genuíno defensor da libertinagem, uma vez que costumeiramente publica sátiras que ofendem a fé dos outros. Além disso, ele insiste em não se submeter ao mais importante mandamento implícito no ideal libertário: o princípio da não agressão. Aliás, esse preceito é tão relevante que, a priori, invalida a tese do direito à ofensa (uma prerrogativa aterrorizante que os aproveitadores da liberdade de expressão arrogam para si). Assim, precisamente por não se renderem ao princípio especificado, os jornalistas franceses foram vítimas fatídicas daquilo que esse cânone sempre pretendeu conter: reações violentas e desproporcionais causadas pelos indivíduos injuriados.

   Desse modo, constata-se que hoje em dia está havendo na realidade uma grande divulgação de ideias deturpadas, sendo elas propagadas principalmente pelos exploradores da liberdade de imprensa. Em vista disso, o que se quer balizar na verdade é tão somente o comportamento dos desaforados (pessoas que não respeitam as condições de liberdade) e não a conduta daqueles que fielmente se guiam através dos princípios morais que regem suas vidas, tais como o respeito ao próximo e a conscientização de seus atos.