Um sistema alienado - Banco de redações

A falta de representatividade política, associada aos frequentes escândalos de corrupção, criam uma situação de indignação e desprezo do brasileiro pela máquina pública. Os milhões que foram às ruas no ano passado, em protesto, evidenciam a urgência de uma reforma política que alcance aspectos como as doações à a candidatos, a obrigatoriedade do voto e as campanhas políticas.

O custo absurdo investido numa campanha eleitoral ofusca os candidatos de baixa condição econômica, privilegiando os políticos que acumularam verdadeiras fortunas através de doações, por vezes milionárias, de empresas interessadas numa retribuição posterior (sob forma de privilégios, licenças e licitações públicas, por exemplo). Esse sistema, extremamente tóxico, exclui novas propostas e ideias, ao mesmo tempo que incentiva a corrupção na aparelhagem do Estado.

Os altos valores arrecadados incentivam, por conseguinte, a contratação de grandes empresas de marketing, as quais invadem as campanhas eleitorais e acabam com a apresentação de ideias, destinando o tempo dos anúncios ao endeusamento de seus candidatos. Através de edições e cenários elaborados, a realidade dá lugar a um Brasil utópico de realizações heróicas e desigualdade inexistente, num contraste cômico com o País em que vivemos – um sinal evidente de desgaste nesse sistema.

Questões como essas, além da obrigatoriedade do voto, dos salários por vezes astronômicos de políticos e do próprio sistema eleitoral, devem ser levadas à a estudo e debate por comissões especiais, compostas por diversos setores além do político, as quais regulamentariam e padronizariam decisões à a curto prazo (doações e propaganda) e à a longo prazo (como a representatividade política em geral).

A reforma política é, portanto, um fator urgente e essencial para o fortalecimento do Estado brasileiro, merecendo a atenção irrestrita de legisladores e do povo quanto à sua melhoria e adaptação às necessidades do Brasil.