No conto "A sereníssima república" de Machado de Assis, o Cônego Vargas, personagem principal, descreve um Estado formado por uma espécie de aranha que fala, no qual o sistema eleitoral é baseado na República Veneziana - onde se retiravam bolinhas de um saco com o nome dos candidatos interessadas ao Governo, tudo muito prático e rápido. No Brasil, atualmente, fala-se bastante em Reforma Política, argumentando-se que uma série de coisas precisa mudar; por exemplo, o financiamento de campanhas políticas. Entretanto, assim, como Machado de Assis constatou: o problema não está nas instituições, nas formas de governo ou nas leis, mas sim nos homens, por isso há de se mudar as ações humanas, e não as instituições.
Isso porque a Constituinte exclusiva para a reforma política de "iniciativa popular" partiu do PT, partido que está no poder a há doze anos. Entre as pautas defendidas estão financiamento público exclusivo de campanha e voto em lista pré-ordenada para os parlamentares. Segundo, o Promotor Eleitoral do MP, Edson de Castro, "quem está no poder hoje não tem real interesse em mudar as regras do jogo". Portanto, por que o PT, o maior partido do país, que está em seu terceiro mandato - façanha esse essa que há doze anos ninguém poderia imaginar - agora quer mudar a regra do jogo, contrariando, assim, à a lógica?
Ademais, recuando-se um pouco na história do Brasil, encontra-se, logo, a resposta a essa questão, visto que a reforma política sempre entra em pauta quando à a hegemonia do poder vigente está em crise. Por exemplo, foi assim no governa da Ditadura Militar, quando à a Arena – partido do governo – foi ameaçado pelo MDB – partido da "oposição consentida", pois esse estava conseguindo eleger um número cada vez maior de deputados e senadores; em vista disso foi implantação do implantando o AI-3 e criado novos estados, a fim de que aquele permanecesse com a maioria no parlamento. Hoje, entretanto, não é diferente. Prova disso é que, recentemente, o ex-diretor da Petrobrás – Paulo Roberto Costa - revelou um esquema de corrupção, na estatal, que envolve o atual governa governo. Diante disso, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, em entrevista na TV, dizer disse que: "não há quem controle a corrupção enquanto houver o financiamento empresarial de campanha".
Diante disso, faz-se necessário recorrer (a) "A Sereníssima República" de Machado de Assis, na qual as aranhas teciam interminantemente um saco na tentativa de que não houvesse mais corrupção no processo eleitoral, todavia sempre havia alguém disposto a burlar o sistema. Conclui-se, deste modo, que enquanto o homem continuar colocando a culpa no saco, e não nas ações humanas (,)não haverá como mudar essa conjuntura. Por outro lado, a premissa da Lei 8713/93, que permite a doação de empresas privadas, era que diminuísse o volume de caixa dois, como também tornar o processo mais transparente; paralelamente, com o voto em lista fechado fechada, o cidadão votará no partido, cabendo a esse, portanto, escolher os representantes do povo. Solapando, destarte, direitos já conquistados.
Necessita-se, por conseguinte, que os seres humanos sejam mais altruístas e se conscientizem que o problema não está nas fórmulas, nas instituições muito menos nas leis, mas sim nos homens. Por isso, enquanto esses não mudarem, ou seja, tornaram tornarem-se pessoas mais virtuosas(,) nada mudará. Para tanto, é preciso maior investimento na educação, de modo que seja desenvolvida a cidadania, a ética, a moral e o respeito ao próximo; talvez, assim, Ulisses (ou seja, à a sabedoria citada no conto) venha viver entre os brasileiros; e o Brasil, de fato, torne-se um estado democrático.
Comentários do corretor
Apesar de algumas falhas na escrita como problemas no uso da crase, na concordância de gênero (masculino e feminino) e verbal; o texto merece parabéns por abordar o assunto de forma tão crítica, coerente, clara e com uso de uma referência tão rica quanto a literatura de Machado de Assis. Parabéns!
Continue exercitando sua escrita.
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 9.5 |
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