Racionamento de água: um pretexto que ilude os ignorantes - Banco de redações

   Um fato é inquestionável: ainda existe uma enorme quantidade de água em nosso planeta. No entanto, muitas pessoas insistem que seu uso deve ser cada vez mais parcimonioso, uma vez que ela é finita e que apenas uma ínfima parcela existente é própria para consumo (ou seja, imaginam que em alguma data remota toda porção d'água irá se exaurir). Porém, esse pensamento não é correto porque, além de ignorar um conceito científico comprovado (o ciclo da água), estabelece uma relação equivocada de causa e consequência, uma vez que os atuais problemas de escassez de água são devidos a uma ineficiente distribuição e não a um consumo exagerado.

   A Hidrologia sustenta que a água sempre encontra um meio de retornar ao meio ambiente devido aos diferentes fenômenos naturais que alteram o seu estado inicial (precipitação, evaporação, escoamento, etc). Além do mais, o passado também demonstra que a quantidade de água na Terra se manteve quase inalterada até os dias atuais. Portanto, caso não haja sérias perturbações nos eventos naturais que ocorrem no ciclo da água, é bastante inverossímil admitir que os recursos hídricos possam se esgotar totalmente algum dia (ainda que se considere exclusivamente aquela pequena parcela de água potável existente). Sendo assim, seria muito mais factível ocorrer primeiro a extinção da humanidade do que haver uma completa ausência de água no planeta.

   Ainda, o ciclo hidrológico atribuiu à natureza a genuína função de fornecer continuamente água para o ecossistema. Todavia, essa inerente distribuição foi fortemente impactada pela ação humana (certas companhias desequilibraram o ciclo ao captarem enormes volumes d'água para execução de suas atividades), provocando assim fenômenos climáticos atípicos que acabam por interferir no processo de renovação da água. Logo, torna-se óbvio imputar às concessionárias a responsabilidade pela carência dos recursos hídricos. Além disso, as atividades operacionais dessas empresas implicaram na deterioração do meio ambiente (por causa de suas imensas instalações físicas) e em péssimos serviços oferecidos (pois seus monopólios não conseguem atender satisfatoriamente às necessidades de seus clientes).

   Desse modo, fica claro para qualquer pessoa um pouco esclarecida que discursos que afirmam que a quantidade de água potável no mundo está se acabando, e que por isso deve-se evitar ao máximo o desperdício de água, revelam-se totalmente falaciosos, cujo único propósito parece querer encobrir os verdadeiros culpados pela baixa oferta hídrica para consumo. Diante disso, somente indivíduos desinformados (ou intelectualmente desonestos) terão a insolência de pôr a culpa na natureza e de defender a adoção de uma política de racionamento de água.