Leis que estratificam - Banco de redações

De acordo com a Lei de ferro dos salários, desenvolvida pelo economista inglês David Ricardo, por mais que aumentem, os salário sempre permanecerão próximos ao nível de subsistência do trabalhador, fato que se constata no cotidiano, quando o salário mínimo aumenta, mas o preço dos alimentos, dos alugueis e dos bens de consumo, também sobe, colaborando para a manutenção de um abismo financeiro que estratifica a sociedade e fomenta o aparecimento das desigualdades sociais.

   Esse abismo faz parte da lógica do capitalismo, um modelo econômico centrado no lucro e na exploração da força de trabalho alheia. O lucro, de acordo com o conceito de Mais-valia, desenvolvido por Karl Marx, provém da diferença entre o que o funcionário produz e o que efetivamente recebe como pagamento. Logo, quanto maior for essa diferença, maiores serão os lucros dos empregadores e, menores os salários dos empregados.

   Devido a essa lógica, as desigualdades sociais se tornaram inerentes ao capitalismo. Tanto a Lei de ferro dos salários, quanto a política da mais-valia, impedem que a maior parte da população acumule capital e se equipare economicamente à minoria rica. O pior retrato dessa realidade, são os altos índices de analfabetismo, pobreza, criminalidade e a falta de perspectiva de vida, que praticamente animaliza o ser humano - como ocorre com os personagens de Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

   Não obstante, vive-se um impasse, pois ao mesmo tempo que o sistema capitalista mostra-se desumano, os demais apresentam-se ultrapassados devido a à globalização. Isso pode ser observado no caso da China, que apesar de ser “socialista”, vem gradativamente “abrindo suas portas” ao capitalismo e desponta no cenário mundial como a futura maior potência econômica do planeta, capaz de ultrapassar até mesmo os Estados Unidos.

   Portanto, a desigualdade social é um efeito colateral irremediável do capitalismo, sendo necessário reformular ideias e propor modelos econômicos alternativos que se enquadrem no contexto globalizado atual para vencê-la e, principalmente, enquanto isso não ocorre, exigir que sejam tomadas providências de órgãos governamentais e privados para tentar amenizar, mesmo que de forma paliativa, os problemas provocados por ela.