Consagrada por Montesquieu, a divisão de poderes mostrou-se uma forma eficiente de governo. Entretanto, no Brasil esse modelo foi seguido de maneira incompleta, uma vez que há sérios problemas estruturais e administrativos que dificultaram sua implantação de forma eficaz. Também, pode-se destacar que as rivalidades político-partidárias tiveram enorme parcela de culpa, contribuindo para um resultado ainda mais negativo.
Mas de que adiantou dividir a administração em três poderes, se os encarregados dela não foram capazes de organizá-los? No executivo, há um Estado negligente que prefere gastar bilhões de reais em um evento que dura um mês, do que investir em educação, saúde e transporte, itens essenciais ao desenvolvimento da população e do país. No legislativo, um sistema de leis que constantemente são mudadas para atender aos interesses de grupos econômicos, além da existência de uma burocracia característica. No judiciário, a evidente falta de agilidade em processos, que duram anos para serem esclarecidos, como foi o caso do Mensalão. Dessa forma, fica claro clara a ausência de organização e estruturação no país, reflexo do que ocorreu após o regime militar, momento em que era necessário um planejamento adequado, mas que foi arquitetado de maneira irregular e desprovido de consciência política.
Além disso, vale ressaltar que nessa divisão há muita concorrência entre os poderes. No legislativo, por exemplo, se a maioria dos representantes for de um partido diferente daquele do presidente, este pode vetar um projeto de lei simplesmente por serem de partidos rivais, desconsiderando tudo aquilo que tange ao interesse público. Com isso, pode-se perceber que há uma disputa, por diversas vezes implícita, em busca por maior poder político, sempre visando prejudicar o "adversário". E isso contradiz a Teoria dos Três Poderes, na medida em que estes deveriam trabalhar em conjunto, ajudando-se reciprocamente, no intuito de melhorar a administração do Estado.
Diante desse contexto, nota-se que as ideias de Montesquieu, na obra "O espírito das leis", vêm sendo alteradas ao estilo brasileiro, de maneira a consagrar a insistente desorganização que tanto predomina no país. E isso é consequência de conflitos entre organizações rivais, que datam desde o final do século XX, fato que contribuiu para limitar o crescimento social e estrutural do Brasil. É claro que cada poder tem uma determinada função, no entanto, seria preciso que houvesse uma maior articulação e entendimento entre eles, de forma a transparecer as decisões tomadas, resultando numa maior sintonia do sistema.
Comentários do corretor
Excelente texto! Visão crítica sobre o tema, com argumentos bem embasados e construídos, coerentes com o ponto de vista defendido.
Bom domínio também da norma culta.
Continue exercitando sua escrita.
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 9.5 |
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