O termo “justiceiros” remete a histórias em quadrinhos em que os heróis capturam os bandidos. No Brasil atual, no entanto, a conotação é outra. Refere-se ao fato de que algumas pessoas têm tomado para si a autoridade de coibir práticas criminosas literalmente usando as próprias mãos. Casos como o do jovem acorrentado a um poste após o furto, realizado por ele, de um estabelecimento comercial no Rio de Janeiro, tornam-se frequentes. A atitude dos “grupos da justiça” relembra a gravidade do problema da violência no Brasil. O movimento é certamente uma resposta ao clima de total insegurança em que vivem os brasileiros.
O Instituto Sagari contrasta, em seu Mapa da Violência 2012, a quantidade de mortos em quatro anos de Guerra do Iraque (2004-2007) com o número de assassinatos verificado por aqui no mesmo período. Enquanto a guerra ceifou mais de 75 mil vidas, no Brasil houve por volta de 192 mil homicídios. Embora não seja a única face da criminalidade, o total de mortes por assassinato – em número muito elevado – é suficiente para que se perceba o quanto a situação é alarmante.
Segundo a teoria política do inglês Thomas Hobbes, renuncia-se à liberdade e arbitrariedade em favor do Estado, para que este evite uma “guerra de todos contra todos”. O que se assiste hoje pode ser classificado como um desejo, de parte da população, de renúncia a esse “contrato”, uma vez que o poder público é ineficiente. Por outro lado, a justiça com as próprias mãos não porá fim ao drástico estado em que vivemos.
Além disso, corre-se o risco de que a violência aumente. Embora os casos registrados sejam de moradores que reprimem ladrões “menores”, deve-se lembrar que há uma clara tentativa de se reprimir crime com o uso da força. O maior massacre de delinquentes da história do Brasil, ocorrido em 1992, é tomado por alguns como exemplo de justiça. No entanto sabe-se que o Massacre do Carandiru incentivou a organização e o surgimento de grandes facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo.
O modo de se combater a violência, inegavelmente não é fazendo uso da mesma. O movimento justiceiro não deve ser incentivado. Contudo, ele serve como um alerta importante e pode ser uma iniciativa para que se pense o crime como um problema passível de solução, e que não pode mais ser ignorado.
Comentários do corretor
Excelente texto! Bem escrito, coerente, com argumentos bem embasados, questionamentos pertinentes e visão crítica e abrangente sobre todo esse contexto.
Parabéns! Continue exercitando sua escrita!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 2.0 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 10 |
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