Justiceiros: fortalecimento do ciclo de violência e da insegurança.* - Banco de redações

Nos últimos dias, o Brasil vem se deparando com uma situação peculiar: alguns indivíduos, alegando inércia do estado Estado, resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Os justiceiros, como ficaram conhecidos, são pessoas que, ao se depararem com algum ato criminoso, não esperam que a polícia e o poder judiciário ajam de acordo com as leis, ao contrário, eles próprios punem o autor do ato ilegal com prisões, agressões, espancamentos e até execução.

Fato marcante ocorreu no Rio de Janeiro recentemente. Um jovem de 16 anos, após cometer pequenos furtos, foi perseguido por um grupo composto por 15 membros, que o deixaram acorrentado, nu, em um poste. Tal situação voltou a se repetir no Rio de Janeiro e, também, em outros estados brasileiros. Diante de tais fatos, parte da população brasileira passou a apoiar o grupo dos justiceiros alegando que o estado não está garantindo segurança aos indivíduos, logo, que a população tem o direito de agir em legítima defesa. Os contrários, por sua vez, com sabedoria, sustentam que essas atitudes vingativas apenas trarão mais insegurança à população, e que os justiceiros não passam de verdadeiras milícias.

Insta salientar que o Brasil é um estado democrático de direito. Cabe tão somente ao judiciário o poder-dever de dizer o direito no caso concreto, aplicando as penas e repreensões em consonância com o ordenamento jurídico.  A própria Constituição Federal assegura que ninguém será considerado culpado e condenado sem o devido processo legal, garantindo-lhes, ainda, o contraditório e a ampla defesa. Desse modo, quando o grupo dos justiceiros age de acordo com suas próprias regras e de forma arbitrária para punir os criminosos também está cometendo crimes e merece ser penalizado pelo estado.

Com isso, é importante que a sociedade e o estado deem a merecida atenção a esse problema. Apoiar tais atos pode trazer consequências horríveis a toda população, afinal esses grupos se fortalecerão mais a cada dia e os cidadãos estarão sob a égide de leis privadas, desproporcionais e arbitrárias. É preciso deixar claro que cabe ao estado resolver os conflitos sociais. A ação dos justiceiros, ao punir com severidade os atos de outros criminosos, apenas aparenta que o problema da injustiça está sendo solucionado, no entanto não passa de um ciclo de violência ainda maior.

Assim sendo, fica evidente que a atitude dos grupos de justiceiros deve ser fortemente combatida e repudiada. Isso não significa que a população deve ficar inerte frente aos atos de violência que crescem aceleradamente em todo o país. É necessário, sim, agir, mas pressionando o estado Estado para que este cumpra o seu dever e aja com eficiência no combate ao crime e também na prestação de segurança à sociedade.