Tudo o que é demais assusta - Banco de redações

Os recentes conflitos em shoppings de São Paulo e de várias cidades brasileiras popularizaram um fenômeno social que está se propagando: os rolezinhos. Os protagonistas, jovens da periferia, dizem que são encontros informais organizados através das redes sociais, com o intuito “de paquerar, se divertir e comer no McDonald’s”.

O rolezinho pode ser uma celebração para alguns ou pode ser um receio para outros: seis mil destes jovens compareceram em um shopping paulista, no qual, o número de pessoas assustou lojistas e clientes, causando represália por parte da polícia. Logo, a ideia de milhares de jovens frequentarem um mesmo espaço, em que pais levam seus filhos para fazer compras em tranquilidade é um tanto perturbador. A ideia de civilidade, neste contexto, não se enquadra com as atitudes dos jovens.

Com isso, muitos shoppings tiveram queda no movimento, como afirmou a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) e muitos destes estão fechando as portas. O que preocupa os administradores é o fato de que estes eventos possam se tornar “arrastões”, causando furtos nos centros comerciais. Além disso, muitos shoppings conseguiram liminares para impedir a realizações dos encontros, colocando como argumento que tais encontros podem colocar em risco a vida de trabalhadores e clientes. E há a ideia de que estes acontecimentos sejam equiparados às manifestações de junho de 2013, o que poderia prejudicar o andamento da Copa do Mundo.

Por outro lado, impedir através de uma repressão ou de uma liminar judicial, que estes jovens frequentem templos de consumo e até mesmo levar estes jovens para outras áreas, levando em conta o fato de que vêm de favelas, reforça a ideia de segregação e discriminação racial e social. A ministra Luiza Barros afirmou até que está ocorrendo uma espécie de apartheid nesses locais, devido o racismo que ainda ocorre na sociedade brasileira.

Sendo assim, a atitude de um jovem da periferia querer se divertir e ouvir funk em um shopping pode ser incômodo, mas* a quantidade de pessoas que frequentam o estabelecimento assusta. O encontro de milhares de pessoas em qualquer lugar, de maneira inesperada, causa desconfiança e receio. Portanto**, a população deve se manter tolerante diante destas situações. De uma maneira indireta, o rolezinho critica exatamente isso: a cultura do consumismo, o preconceito em relação às classes menos abastadas e a luta pelo reconhecimento de uma classe que é vista de uma forma negativa pela sociedade.