Cidadania de papel - Banco de redações

Gilberto Dimenstein, em seu livro O Cidadão de Papel, aborda as condições de vida de jovens de baixa renda que são oprimidos pela dura desigualdade social e tratados de forma desumana pelas autoridades que deveriam zelar pelo seu bem estar, algo que está presente nos famosos rolezinhos, fenômenos que dividem a opinião da população quanto á à sua legitimidade.

Os que defendem a prática do rolezinho, afirmam que fazem-no por falta de opções de entretenimento e lazer, sendo um movimento pacífico e que(,) portanto, não existem motivos para a proibição desses movimentos em locais que teoricamente são de acesso público.

Há(,) no entanto, aqueles que interpretam esses movimentos sob a luz de ideologias segregaciocionistas, enxergando-os como simples vandalismo, uma nova forma de fazer estardalhaço e subverter a ordem. Os lojistas afirmam que os rolezinhos prejudicam suas vendas, uma vez que há um clima de tensão e insegurança quando esses grupos estão nos shoppings – não são raros os casos de agressão por parte dos policiais- e defendem a proibição desse tipo de manifestação.

Dessa forma chega-se a um impasse pois proibir os rolezinhos seria algo inconstitucional, uma forma de segregação socioeconômica e racial, mas por outro lado, caso as autoridades permaneçam inertes, haverá prejuízos ao comércio naquelas regiões.

Sendo assim, é necessário buscar medidas de conciliação que beneficiem ambas as partes. Os rolezinhos expressam a ascensão social de uma classe e devem continuar a acontecer, desde que sejam organizados com um menor número de integrantes. A segurança deve agir com coerência e evitar repreensões desnecessárias. Cabe ao Estado, fornecer opções de entretenimento gratuito e zelar por locais de confraternização como praças e parques, para que não só essa nova classe, como também toda a sociedade possa deixar de viver uma cidadania que(,) embora ofereça plenitude de direitos (,)acaba ignorando-os, constituindo uma verdadeira cidadania de papel.