O pensador alemão Max Horkheimer, ao analisar a ideologia sob a perspectiva da indústria cultural, afirmou que é possível, por meio dela, explicar o fenômeno da exploração comercial e vulgarização da cultura, já que é através da homogeneização e da propagação de valores que esta busca angariar consumidores. Esse fato, intimamente ligado à “adultização” precoce, desperta o questionamento acerca dos seus riscos à sociedade, já que é na configuração da infância que estão presentes significados e práticas que serão refletidos em comportamentos na fase adulta.
Pode-se dizer que esse debate surge a partir do momento em que o abandono imaturo da puerícia se torna algo habitual. As crianças estão cada vez mais dispostas a sair da infância para adentrar no obscuro universo adulto, uma vez que são submetidas a valores capitalistas que visam ao consumo e à inserção social destas como trabalhadoras endividadas. Se Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, afirmou que os homens grandes não possuem amigos, já que não podem comprá-los nas lojas, é possível implicar que as crianças têm perdido a infância, já que podem comprar seus passaportes para a “adultização” em propagandas midiáticas.
Ainda sob essa ótica, de acordo com a Associação Dietética Norte Americana, bastam apenas trinta segundos para uma marca de alimentos influenciar uma criança. Esse resultado pode ser explicado pela capacidade reduzida de assimilação de conteúdos e de análise crítica de informações recebidas que pessoas em idade pueril apresentam, já que ainda estão em formação. Em outras palavras, pode-se dizer que as crianças são cognitivamente indefesas quanto ao ataque capitalista que a indústria cultural realiza, o que acaba por intensificar em crianças a prática de comportamentos adultos, num ato instintivo de repetição.
Posto isso, fica-se evidente que a “adultização” infantil deve ser combatida, haja vista todos os seus efeitos negativos. A sociedade deve se inquietar, uma vez que as subsequências dessa antecipação já estão sendo refletidas nas crianças contemporâneas: é cada vez mais comum a formação de valores materialistas, a obesidade infantil e a diminuição de brincadeiras criativas. Portanto, cabe ao Estado a implantação de políticas públicas que estimulem a atenção das crianças, de modo que fiquem menos submetidas aos ataques publicitários desmedidos; além da ação cautelosa de gestores federais, estaduais e municipais, bem como a sociedade brasileira de um modo geral. Justapostos ao bom senso midiático e ao incentivo a brincadeiras, essas práticas garantirão o júbilo da primeira idade, de modo a adiar, o quanto for possível, a cessação dos pequenos príncipes
Comentários do corretor
Texto excelente!! Ótimas referências e analogias, excelente domínio da linguagem padrão e da estrutura do texto dissertativo. Parabéns!
Continue exercitando sua escrita!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 2.0 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 10 |
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0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |