Caminho prejudicial - Banco de redações

Devido ao advento de ações e atos, coletivos ou individuais, provenientes de grupos terroristas, surgiu a necessidade, por parte de governos, da criação de mecanismos que favorecessem a previsão e a contenção de possíveis atentados contra a segurança e a ordem públicas. Nesse cenário, destacam-se os EUA, notadamente um dos maiores alvos, senão o maior, de atos dessa natureza. Este recentemente sofreu denúncias por atos de espionagem contra diversos países. Todavia, a utilização de métodos de espionagem configura-se como uma ameaça à privacidade individual e coletiva, podendo até, em alguns casos, aumentar o clima de insegurança pré existente [preexistente].

Uma consequência imediata da espionagem encontra-se na perda parcial da privacidade de um indivíduo, assim como de sua espontaneidade, no que se refere aos seus atos. Com a aquisição de dados e informações privadas de uma pessoa pelo " instrumento-espião", esta inicialmente vê-se exposta - isso quando tem conhecimento da ação -, e perde, em maior ou menor grau, a confiança nos aparatos ao seu redor, deflagrada pela sensação de vigilância constante.

Essa ausência da espontaneidade, que pode, em muitos casos [,] pode lesar o indivíduo, é bastante explorada na célebre obra 1984, de George Orwell. O autor alerta os perigos de uma sociedade controlada e centrada na vigilância de seus cidadãos, expondo as consequências do controle excessivo. Esse aspecto cada vez mais relaciona a sociedade contemporânea com a fictícia sociedade do livro. Orwell mostra então o possível encaminhamento que poderá levar uma "sociedade da vigilância", sendo este bastante prejudicial.

Nesse sentido, cabe citar os perigos e consequências que a espionagem poderia trazer, tais como o "fim da privacidade" e o aumento, por conseguinte, da insegurança e do estado de violência. Como consequência da espionagem, haveria a maior transparência das informações, assim como maior acesso à [a] elas. Tal acesso poderia promover um aumento das tensões entre grupos de interesses distintos, uma vez que, informações [sem vírgula] disponíveis sobre um poderia ser acessada por outros. Um exemplo são os casos de confronto entre grupos de torcidas rivais que organizam, via internet, confrontos violentos, sendo estes ampliados caso houvesse maior transparência de informações sobre certo tipo de preferências.

Desse modo, é possível notar que a espionagem e seus desdobramentos podem deflagrar, em casos extremos ou a longo prazo, o fim da privacidade tal qual conhecemos hoje, assim como o cerceamento das liberdades individuais no que diz respeito a tomadas de certas atitudes prosaicas. Ora, afim [a fim] de que se possa frear tais métodos, os governos devem garantir a segurança dos dados de seus cidadãos. Para tanto, faz-se necessário a utilização de instrumentos que "driblem" tentativas de controle de tais dados que circulem sem o consentimento dos donos, assim como uma reflexão crítica pela sociedade civil a respeito do tema.