A favelização do homem - Banco de redações

Não é preciso procurar muito para encontrar nos dias atuais alguém que com grande orgulho exalte os avanços do Brasil, dando sempre ênfase a sua ascensão econômica. O que é difícil de se ouvir, nessas mesmas conversas que exaltam o patriotismo fora da época de copa do mundo, são os problemas que vieram atrelados ao desenvolvimento: a favelização, que parece desprover muitos da qualidade de ser humano, entre uma notícia e outra.

O processo, longe de qualquer rebuscado projeto arquitetônico, começou a se desenhar há muito tempo atrás, devido ao êxodo rural incentivado pela oferta de uma vida melhor nas grandes cidades que apenas começavam a se desenhar. Pela falta de qualificação o sonho de grande parte morreu, esses mesmos que só carregavam a certeza na mão viram-se obrigados a dar um jeitinho. Em cima do morro mesmo, sem água encanada, energia, só até arranjar algo melhor.

A verdade é que para maioria a oportunidade ainda não chegou, e parece um sonho ainda mais distante do que aquele que a geração passada trazia na mala. O grande obstáculo até hoje é relacionado a [à] educação, fazendo com que permaneçam estagnados no mesmo lugar em um mundo que se diz globalizado, mas que muitas vezes só fez com que se abrisse uma vantagem maior daqueles [para aqueles] que sempre estiveram à frente dos menos favorecidos..

Aliado há uma série de fatores que os deixa em clara desvantagem, ainda é preciso conviver com a ideia de que há muita terra na mão de poucos. Pior ainda é constatar que [,] nas tentativas de desapropriação dessas terras [,]  famílias inteiras são jogadas de um canto para o outro, como pode ser visto na Favela do Moinho, onde quando conseguem alguma ajuda do governo são jogadas para áreas ainda mais periféricas. E quando este se propõe a solucionar os problemas e regularizar a situação não leva em consideração que afasta dessas mesmas áreas o morador que não pode encaixar nas contas do mês o gasto com impostos e mais impostos.

Não se pode colocar a culpa na natureza por todos os desastres. Ela já estava aqui antes de qualquer um. É sim, mais [sem vírgula] do que necessário investir em saneamento básico, para que levem uma vida que de todos os pontos de vista possa ser considerada limpa. Em melhores moradias para que não tenham medo que o teto desabe sobre suas cabeças, ou pior, nem tenham um. Em educação de qualidade para que os moradores consigam se inserir no mercado de trabalho, para competir em um mundo contemporâneo que não os tente tirar cada vez do mapa. E acima de tudo, em uma sociedade que os enxergue, e que não os faça pensar cada dia mais que estão abandonados à própria sorte.