Nas primeiras décadas do século XX, época de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, a modéstia existente nas limitadas capacitações médicas já revelara que a saúde não podia ser distribuída igualitariamente entre a população. A Constituição Brasileira de 1988, entretanto, assegura que o salário mínimo, fixado em lei, deva ser capaz de atender às necessidades básicas do cidadão. A partir disso, surge o questionamento acerca dos contratempos para uma efetiva saúde pública de qualidade, confrontada pelo setor privado.
O Brasil apresenta na saúde privada um modelo mundial, mas que fica restrito a uma pequena parcela da população. Cenário este que muda radicalmente quando a perspectiva de análise é o setor público, isto é, o Sistema Único de Saúde (SUS): profissionais desqualificados, hospitais e equipamentos obsoletos e insuficientes, que não são capazes de suprir a demanda nacional. Essa adversidade revela, entre outras coisas, o quanto é abissal a desigualdade social no país.
Já é sabido que, de forma geral, não faltam médicos no Brasil, mas há uma concentração territorial assimétrica, assegurada pelas leis de mercado e pelas disparidades regionais. Esse fato surge a partir do momento em que os profissionais, insatisfeitos com a diferença exorbitante de remuneração, associada à ausência de Plano de Carreira e falta de infraestrutura em regiões mais afastadas dos grandes centros, optam pelo setor privado de áreas mais desenvolvidas, na busca pela estabilidade econômica.
De acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2011 [,] quase R$ 16 bilhões de reais deixaram de ser arrecadados pelo governo, por dedução no imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas e desoneração fiscal da indústria farmacêutica e de hospitais filantrópicos. Em outras palavras, o Estado tem incentivado (e financiado) o investimento em saúde privada, tornando ainda mais discrepante a distribuição de saúde entre as camadas menos favorecidas.
A partir do exposto, fica evidente que o caminho para uma saúde pública de qualidade é longo, mas não impossível. Cabe primeiramente ao Estado um maior incentivo ao setor público, que pode, por exemplo, investir parte dos royalties do petróleo no saúde; além de estabelecer prioridades para o modelo assistencial e oferecer plano de carreira aos médicos, incentivando sua fixação no Sistema. Ademais, o Brasil precisa intensificar a formação de médicos especializados em medicina de família e comunidade, garantindo a infraestrutura básica do SUS. Quanto aos profissionais da área, que em sua maioria pertencem a uma camada privilegiada, cabe um maior comprometimento com a sociedade, o que é naturalmente esperado de pessoas que escolheram zelar pelo próximo. Associados, esses caminhos garantirão os princípios básicos de universalidade, integralidade e equidade da saúde, estabelecidos pela Constituição.
Comentários do corretor
Seu texto foi bem escrito, realizou uma análise crítica e bem fundamentada do recorte temático, evidenciando conhecimento amplo sobre o assunto. Parabéns!
No entanto, atente à extensão de seu projeto de texto. Como em concursos e vestibulares, aqui há um limite de linhas, que deve ser respeitado para que não haja penalizações.
Continue lendo e escrevendo!
Sucesso!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 2.0 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 9.5 |
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