A discussão em voga atualmente é o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, desenvolvido pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com o fantasioso objetivo de resolver o grande problema de escassez de água de mais de 12 milhões de habitantes do semiárido nordestino. O plano inicial é levar a água do rio São Francisco para o nordeste e elevá-lo a cerca de trezentos metros no Eixo Leste, e cento e oitenta metros no Eixo Norte, retirando 1,4% da vazão do rio destinado a [à] agricultura, indústrias, hidrelétricas e para consumo da população.
As ideias de combate à seca do nordeste existiram desde o período imperial, e cresceram de acordo com o desenvolvimento da política. Nos primeiros anos da república foram criadas políticas para disseminar açudes, barragens, estradas e organizar frentes de trabalho. Assim a população carente ganhava um meio de sobrevivência, tornando o terreno dos coronéis mais valioso e fértil, recrutando no inverno a população para continuar o trabalho. Desse modo, o governo enriquecia os que já eram ricos e mantinha os pobres no limite da sobrevivência.
Este fato histórico assemelha-se muito a nossa realidade, na qual há um investimento bilionário no projeto de transposição, e [transposição e] um descaso com a população que depende das vazantes do rio (que serão destinadas para a obra) para se alimentar e obter algum lucro com a venda de sua produção. Distorcendo a ideia de que o projeto em questão ajudará a resolver os problemas sociais.
Outro fato que comprova que os beneficiados serão os “coronéis do século XXI” são as pesquisas obtidas pela UNESCO, que revelam que de 1998 para 2002 apenas 18% da água do Brasil é para consumo doméstico, enquanto 62% e 20% da água brasileira são destinadas a [à] agricultura e à indústria, respectivamente. Assim é difícil acreditar que somente a água excedente será utilizada na irrigação, agricultura ou indústria, como muitos defendem.
No entanto [,] o problema da seca ainda pode ser resolvido de uma maneira simples e eficaz e atender de fato as populações do semiárido nordestino, com a construção de cisternas de custo mais acessível, recolhendo a água da chuva e disponibilizando água potável para toda região.
Comentários do corretor
Seu projeto de texto abordou o tema e fez considerações válidas. No entanto, para chegar à excelência, é preciso extrapolar o óbvio, mobilizando diferentes vozes e realizando um crítico e preciso trabalho com os recursos argumentativos (citação, ironia, fatos, dados, exemplos, comparações, contraposições, retrospectivas históricas etc.).
Leia e produza sempre!
Competências avaliadas
| Item | Nota | |
| Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
| Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 1.5 |
| Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
| Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
| Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 1.5 |
| NOTA FINAL: | 7.5 | |
| Saiba como é feito a classificação da notas | ||||
| 0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |