O povo tem sido usado como massa de manobra durante as eleições desde os primeiros anos da República Velha. São notórios os casos de desconsideração pela sociedade e pelo seu poder de eleger representantes. A eleição de Rodrigues Alves é ilustrativa: o presidente recebeu 99% dos votos válidos em 1918. Hoje, essa situação ainda perdura, mas com nova conjectura. O voto nulo perdeu seu valor como forma de protesto, tornando-se uma ação alienada, ou seja, é impossível causar reformas consideráveis não se votando em candidato algum.
Pode-se notar o descaso com essa forma de manifestação analisando quem se pretende atingir. Os candidatos corruptos pouco se importam com reivindicações. Observem-se os atuais acusados de desvios de conduta, como os envolvidos no chamado “mensalão do PT” e no caso do bicheiro Carlinhos Cachoeira. De ambos os lados, situação e oposição, há eleitos que afirmam e reforçam serem inocentes mesmo perante provas irrefutáveis de culpa. Assim sendo, a despreocupação dos representantes do povo abala o poder de protesto do voto nulo.
Tal escolha também não encontra respaldo legal. Contrariando o dizer de muitos, a predominância de votos nulos em uma eleição não a invalida. Segundo interpretação do Tribunal Superior Eleitoral, a Constituição somente prevê novas eleições caso mais da metade dos votos tenham sido anulados devido a fraudes eleitorais. Dessa forma, seria considerado o restante da população que optou por um candidato, o que poderia gerar distorções na escolha dos políticos. Em vista disso, não escolher político algum é apenas uma forma de se abster de uma escolha fundamental.
Portanto, o voto nulo é incapaz de atuar como forma de protesto, e [protesto e] somente remove do cidadão uma de suas poucas formas de atuar na política. Formas de reivindicação efetivas atingem seus alvos. Assim, greves e paralisações de serviços como transporte e comércio são mais indicadas para provocar transformações sociais e políticas impactantes.
Comentários do corretor
Seu projeto de texto desenvolveu-se de forma clara e precisa, além de ter feito boas considerações em torno da questão. Todavia, não houve extrapolação do recorte temático para levar seu texto à excelência total. Dessa forma, procure mobilizar distintas vozes em seu texto e realize um rico e consciente trabalho com os recursos argumentativos (citação, ironia, fatos, dados, exemplos, comparações, contraposições, retrospectivas históricas etc.).
Sucesso!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 2.0 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 1.5 |
NOTA FINAL: | 8.5 |
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