Já no século XIX, o sociólogo francês Émile Durkheim, afirmou que as sociedades humanas eram regidas pelos fatos sociais, isso é, por comportamentos e padrões exteriores ao indivíduo, que lhe são impostos coercivamente pelo convívio social. Hoje, destaca-se como padrão social o consumo, que passou a representar, para muitos, a própria felicidade.
Poucos percebem, contudo, os interesses de industriais e burgueses que se escondem por detrás desse comportamento aparentemente inofensivo. A associação entre consumo e realização pessoal é, na verdade, resultado de uma política midiática que prega a manutenção de um ciclo de extração e transformação de recursos naturais e sua levada até o mercado consumidor, por meio do qual se obtêm [obtém] lucros. Esse processo, entretanto, necessita de que as vendas sejam constantes, de modo a evitar queda de lucratividade e desvalorização de ações no mercado financeiro. Assim, as indústrias lançam constantemente novas tendências, modas e tecnologias, além de diminuírem a durabilidade dos bens, de modo a torná-los descartáveis.
Dessa forma, as pessoas sentem-se permanentemente pressionadas a consumirem, com a finalidade de se defenderem da exclusão social e satisfazerem seus anseios e vazios existenciais. Rendem-se, contudo, a quantidades abusivas de trabalho, que as afastam de família e amigos e aumentam consideravelmente o “stress [estresse]”, e ignoram os impactos ambientais de tal modelo produtivo. Além disso, o contentamento proporcionado pelos bens é extremamente imediato, tornando as pessoas instáveis e insatisfeitas, o que gera depressão e conflitos emocionais.
Conclui-se, assim, que o atrelamento entre felicidade e consumo resulta de um processo produtivo que aliena as pessoas da sua relação com a natureza e de suas próprias necessidades. Deve-se primar por um modelo de felicidade baseado na relação fraterna entre homens e em realização profissional, em vez de se criar uma espécie de alegria imediata e instável, que seja tão descartável quanto os bens consumidos, e que se possa pôr nas vitrines das lojas.
Comentários do corretor
Seu projeto de texto abordou o tema, desenvolveu-se de forma clara e preciso e fez boas considerações. Contundo, não houve extrapolação do recorte temático nem um rico e consciente trabalho com os recursos argumentativos (citação, ironia, fatos, dados, exemplos, comparações, contraposições, retrospectivas históricas etc.). Continue lendo e produzindo!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 8.5 |
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0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |