Em primeiro lugar, o que ocorre na sociedade hodierna é a alteração do conceito de ser feliz, exercida pelo mercado, a força externa que comanda o pensamento moderno no meio social. Somada a isso, há a presença constante e sorrateira da aquisição de valores cada vez mais consumistas e menos concretos. Logo, torna-se mais complexo estabelecer limites para o que seria a tal felicidade plena.
O neoliberalismo atual define o Estado como submisso e o mercado como soberano, em que o primeiro age, sobretudo, em função do último. Os valores concretos que, em tese, o governo deveria fornecer a todos os cidadãos em uma democracia tornam-se liquefeitos e dissolvidos no meio social. Deste modo, como diria Chico Buarque, um copo vazio está cheio de ar. Este último, no caso, seria o mercado, instância oportunista que preenche esse vazio de valores concretos com aqueles integralmente consumistas.
Essa situação é agravada pela obsolescência programada da indústria do consumo, em que os produtos são substituídos, a todo momento, por outros, justamente a fim de incentivar ainda mais a compra e de alcançar a maior lucratividade possível. Devido a isso, tornou-se conveniente para o mercado exaltar a felicidade momentânea, hedonista, a qual se daria através do contínuo ato da troca, quando, na realidade, ela é o produto final, a intercalação entre momentos de alegria e de frustração, o movimento dialético que resulta no equilíbrio, determinado por cada indivíduo e não por forças exteriores a ele.
Todo o contexto desses valores generalizados e impostos diretamente à população por meio da ideologia faz com que sejam criados padrões e financia o sentimento de exclusão por aqueles que se recusam a segui-los. Afinal, para o mercado, é muito mais fácil impor suas forças coercitivas em uma sociedade com pensamento homogêneo, isto é, em uma moral de rebanho, segundo Nietzsche, do que em uma população com pensamentos divergentes.
Dessa forma, enquanto houver a falta de valores concretos e a imposição paulatina da moral consumista no ambiente social, a felicidade continuará sendo definida erroneamente e o consumo irá decerto continuar ditando padrões e influenciando indiretamente, porém incisivamente, os padrões sociais.
Comentários do corretor
Seu projeto de texto foi bem escrito, apresentou um bom nível de linguagem e soube tecer uma análise crítica da questão. Parabéns! No entanto, a fim de levar seu texto à excelência total e comprovar suas colocações, mobilize fatos e exemplificações concretas que validem suas afirmações. Não basta afirmar, é preciso comprovar e fundamentar!
Sucesso!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 2.0 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 9 |
Saiba como é feito a classificação da notas | ||||
0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |