Num país miscigenado como o Brasil [vírgula] que critérios usar para definir raça? A aparência física não é uma evidência suficiente. É por essa e outras razões que a questão das cotas raciais e sociais divide opiniões. De um lado [vírgula] os que acreditam no dever que a sociedade atual tem de se redimir pelos absurdos do período escravocrata. Do outro, aqueles que lutam pelo fim da discriminação racial e por mais equidade.
Recentemente [vírgula] a rede BBC Brasil realizou uma pesquisa a fim de saber a herança genética racial. Entre os voluntários para o exame estavam o sambista Neguinho da Beija – Flor e a ginasta Daiane dos Santos. Para grande surpresa, eles apresentaram mais de 60% dos seus genes oriundos de europeus. Há ainda o caso dos gêmeos que ao se inscreverem no sistema de cotas para entrar na UnB receberam tratamento diferente. Devido à cor da pele distinta [vírgula] um foi aceito, o outro não. Esses episódios mostram que as cotas raciais não são, a [sem vírgula] melhor solução para a inclusão no ensino acadêmico.
As universidades são compostas por maioria de alunos brancos em virtude do passado de escravidão no Brasil. A abolição não trouxe formas de inserção do negro na sociedade, pelo contrário, agravou o processo de marginalização e miséria. Em condições mínimas de sobrevivência [vírgula] ex-escravos e descendentes não tiveram condições de estudar. Apesar da dívida sociocultural que o país carrega, o problema da inclusão educacional não é restrita aos negros. Há pardos, índios, brancos e mestiços que não têm condições de cursar uma universidade pública porque lhes falta o ensino básico.
Há um paradoxo na educação pública brasileira: a maioria dos alunos de 3º grau vem da rede particular de ensino, mas prefere a universidade pública à privada. A necessidade de reformas no ensino público básico não é novidade. Contudo, até que ele se torne adequado, a opção para quem não tem recursos de custear instrução de qualidade a fim de ingressar na universidade, a curto prazo, são as cotas sociais.
A cota racial restringe o benefício e reforça a discriminação, ao passo que a social inclui e promove a dignidade. Se a intenção é amenizar as desigualdades entre brancos e negros e pôr fim ao preconceito entre as raças, que sejam então reforçadas as penalidades contra crimes de racismo. Privilegiar um grupo étnico em detrimento do outro dá margem à ideia de que na espécie humana há povos inferiores a outros, o que é um absurdo inadmissível.
Comentários do corretor
É perceptível um projeto de texto claro e preciso com uma linha argumentativa bem definida. Contudo, não houve extrapolação do recorte temático nem mobilização de distintas vozes para chegar à excelência total. Cuidado apenas com períodos longos e atente-se às regras de uso da vírgula!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 1.5 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 1.5 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 1.5 |
NOTA FINAL: | 7.5 |
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0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |