Descrença em torno da Rio+20 - Banco de redações

A sustentabilidade é um ideal sistemático que busca unir desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Desta maneira, os recursos naturais _ água, ar, terra, biodiversidade_ devem ser usados de maneira inteligente e consciente pra que se mantenham no futuro.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será realizada em junho deste ano, na cidade do Rio de Janeiro, cujo objetivo principal é assegurar um comprometimento político renovado com o desenvolvimento sustentável. A pergunta é: o objetivo realmente será cumprido através de soluções efetivas ou a Rio+20 será repleta de hipocrisia ambiental?

Com o capitalismo vigente, o desenvolvimento é o que mais interessa para a maioria dos países, principalmente para os desenvolvidos e emergentes. A preocupação com o meio ambiente é mínima quando comparada ao progresso. Como exemplo, os Estados Unidos não assinou o Protocolo de Kyoto, afirmando que este interferiria negativamente na economia norte-americana.

Infelizmente, a questão ambiental apesar de urgente ainda está em segundo plano. Governos fazem discursos vagos que parecem apoiar e defender a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, mas na prática agem a favor da exploração da natureza e geração de dinheiro. O Brasil, por incrível que pareça, pode ser citado como exemplo.

O governo brasileiro se diz totalmente a favor da preservação, acena com o corte de emissões na COP-15 em Copenhagen, através da assinatura do Protocolo de Kyoto. Entretanto, obras como a hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, transposição do Rio São Francisco, medidas como a Reforma do Código Florestal e liberação de transgênicos fazem parte de uma política que quer crescer a qualquer custo. Além disso, o agronegócio está à frente na economia brasileira, nele são utilizados grandes quantidades de agrotóxicos, o que contribui para a contaminação da água, solo e principalmente do homem. Como já foi dito, a questão ambiental e até mesmo social ficam em segundo plano.

O Brasil defende a produção de energia através de usinas hidroelétricas e também a partir dos biocombustíveis, enquanto as maneiras mais sustentáveis seriam a solar e eólica. A construção de grandes hidroelétricas, como são feitos os projetos brasileiros, são muito lucrativos para as empreiteiras. Além disso, causa desmatamento, perda da biodiversidade (terrestre e aquática), inundações de áreas agricultáveis, interfere na migração e reprodução de peixes, modifica o funcionamento dos rios, tem-se o deslocamento das populações ribeirinhas. A monocultura da cana-de-açúcar para a produção de biocombustíveis afeta também o meio, contaminando o solo e a água. E, por fim, o Novo Código Florestal que também é alvo de críticas. Através dele os agricultores começam a desmatar novas áreas para a agricultura e pecuária, enquanto grandes áreas já foram degradadas. O melhor seria o reaproveitamento das áreas já utilizadas e desmatadas.

Há descrença em torno da Rio+20 e um dos principais motivos é pelo fato de que a ONU vem realizando conferências , relatórios e agendas há 40 anos. Até hoje, afirmam os estudiosos da questão ambiental que os países realizaram nenhuma ou quase nehuma mudança na maneira como se relacionam com o meio ambiente.

A crise ecológica não é causada somente pela má vontade, corrupção ou falta de conscientização dos governantes e população, mas pelo Capitalismo que visa cada vez mais o desenvolvimento, progresso e lucros. Onde a natureza é vista como uma fonte de recursos pra [para] ser transformada em dinheiro.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável pode sim mostrar soluções efetivas e fazer dos países participantes mais sustentáveis. Contudo, é muito mais provável e esperado que os países não mudem suas maneiras de se portarem e agirem quando o assunto é preservação ambiental e o que está em jogo é a economia e o progresso de cada um deles.