Efetividade na conservação - Banco de redações

Economia verde, renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável por meio da avaliação do progresso, erradicação da pobreza. Esses são os objetivos da Rio + 20, assim chamada por marcar vinte anos da Rio 92, outro evento criado pela ONU cujo tema era também a problemática ambiental. Porém, analisando o que se passa nas negociações oficiais desse novo empreendimento, será que se está encarando realmente as questões mais graves?

De 1992 pra cá, cresceu bastante a consciência social e o conhecimento científico acerca do ambiente, entretanto, na prática, quase não avançou. Um exemplo foi o Protocolo de Quioto, assinado em 1998, o qual estabelecia que os países industrializados deveriam diminuir em 5,2% suas emissões. Só que assim não fizeram, logo, não houve avanço. Além disso, os governos não conseguiram cumprir sua promessa de chegar a 2010 com uma redução significativa da perda da diversidade biológica.

Nesse sentido, percebemos que nos vinte anos passados após a Rio 92, os problemas socioambientais pioraram. A erosão aumentou, a Mata Atlântica e o Cerrado já são classificados como hotspots brasileiros, sucedeu a extinção de bosques e manguezais e danificação das condições marinhas nas zonas de arrecifes de coral, por exemplo. Esses resultados são consistentes com a avaliação preliminar da situação ambiental sulamericana, divulgada recentemente pelo Centro Latinoamericano de Ecologia Social(CLAES), onde se alerta que o resultado final entre os usos da natureza e as medidas de conservação atuais são um contínuo aumento da deteorização ecológica.

Sendo assim, é preciso mudar as visões. Diferente de como a Rio + 20 quer, não se pode implantar desenvolvimento sustentável e progresso ao mesmo tempo na situação atual em que vivemos, com tantos problemas para serem solucionados ainda. Continuamos pensando como se estivéssemos na década de 1950, na época de Juscelino: metas de crescimento gigantescas e desenvolvimento a qualquer preço. É fundamental que haja primeiro uma mudança na base da educação brasileira, para deixarmos de ter uma ciência avançada com uma base tão precária.

E depois disto, é preciso uma cooperação universal. Que os governos do Norte reduzam substancialmente suas emissões, não em 2020 como querem, mas agora. Que os países emergentes-China, Brasil, Índia e África do Sul- não sigam o atual caminho de destruição imposto pelos EUA e Europa, que também precisa ser modificado. Necessita-se valorizar mais a água, a qual um dia pode vir a ser motivo de guerra, e ainda investir no conhecimento da biodiversidade.

Portanto, as medidas da Rio + 20 só vão trazer mais hipocresia [hipocrisia], a qual certamente privilegiará interesses de mercado em lugar de políticas públicas para realmente encarar o problema socioambiental. Tem-se que pensar nas soluções acima para o promovimento de medidas mais efetivas de conservação, garantindo financiamento e respaldo necessários para cumprir com os compromissos assumidos anos atrás.