O ‘bão’ é falar e ser compreendido - Banco de redações

Numa sociedade capitalista, onde os requisitos básicos para alguém ser considerado “culto” estão na sua formação, modo de vestir e status social, a maneira que este indivíduo se expressa, ou seja, o padrão linguístico que ele adota é também levado em conta. Quanto mais se conhece as normas cultas para se falar e escrever “correto”, mais a pessoa é considerada como portadora de um nível superior, digna de admiração perante aqueles que também se consideram cultos. Mas é adequado julgar alguém pela maneira que se expressa ou escreve?

Num país como o Brasil, onde a mistura de culturas é grandiosa e evidente, é comum observamos sotaques e modos diferentes de se falar em cada região. Ora, um nordestino possui vocabulário distinto, por exemplo, dos sulistas. Assim, podemos ouvir um nordestino se expressando que uma festa foi “arretada de boa” e um sulista referir-se à mesma festa como: “uai, o trem foi bão demais”. Nenhum se expressou errado, e mesmo de formas diferentes, compreendemos a mensagem principal do que foi dito.
Assim, faz parte de nossa herança cultural vários dialetos adotados em cada parte deste país. Ser culto não teria de significar ter cultura? Formamos uma cultura diversificada, uma das mais heterogêneas do mundo, a maneira que falamos com certeza é um traço cultural que não devemos abandonar para parecermos mais cultos e elevarmos nosso status social.

A gramática portuguesa é vasta e composta por inúmeras regras e exceções, o que leva até mesmo grandes linguistas entrarem em divergência sobre o que está certo e o que está errado. Seguir um padrão é dificílimo, requer estudo e prática. O essencial é falar de forma que o contexto seja compreendido por todos os ouvintes e que o falante se sinta à vontade para conseguir expressar de modo coerente tudo o que pensa.