Arquitetura hostil: a exclusão em nome da segurança - Banco de redações

A arquitetura urbana, por meio de suas edificações, conta a história de uma cidade e forma um vínculo emocional dos habitantes com seu ambiente, criando uma identidade local, com seus valores sociais e cultura. Mas (Ideia de truncamento) essa arquitetura pode se tornar hostil quando se utiliza de ferramentas que segregam pessoas em situação de vulnerabilidade. (Truncamento) O que deveria ser acolhimento torna-se uma barreira social. Isso se deve à negligência do poder público e a uma sociedade estruturada na desigualdade. (Muito bem. Formulou a tese)

Essa situação foi evidenciada pelo ato simbólico protagonizado pelo padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral dos Moradores de Rua da Arquidiocese de São Paulo, que, em 2021, arrancou a marretadas alguns paralelepípedos colocados sob um viaduto na zona leste da capital paulista, cujo objetivo era coibir a permanência de moradores de rua no local. Bancos de praça com divisórias - impedindo as pessoas de deitarem-se neles -, grades cercando monumentos e praças, obstáculos instalados em frente a comércios e sob marquises são mais alguns exemplos de como o poder público e a sociedade tentam excluir os moradores de rua da vida urbana, com a justificativa de manter a segurança e evitar comportamentos indesejados (criminalidade, vandalismo, ocupação ilegal).

(Boa estratégia coesiva) Outrossim, numa sociedade estruturada de forma tão desigual como temos no Brasil, vê-se o apoio da população a essas iniciativas, pois acredita que os moradores de rua são depreciadores da cidade e um risco à segurança de seus habitantes. É evidente que tanto o poder público como a sociedade não levam em consideração as causas dos problemas sociais nem buscam alternativas, em contrapartida, preferem marginalizar os moradores de rua. Consequentemente, a arquitetura hostil não impõe somente barreiras físicas, elas reforçam as barreiras sociais.

​​​​​​​(Boa estratégia coesiva) Isso posto, faz-se urgente um debate sobre essa forma de exclusão social, exigindo das governanças municipais o cumprimento da Constituição e de leis federais e municipais que asseguram o direito a trabalho, moradia, educação, saúde e lazer a todos os cidadãos. Para tanto, é premente a implantação de políticas públicas por meio das prefeituras que garantam acesso aos serviços básicos além da capacitação profissional aos moradores de rua, com instalação de serviços móveis em diferentes pontos da cidade, além de moradias provisórias até que esses cidadãos se estabeleçam com dignidade. Paralelamente, as mídias tradicionais e digitais devem veicular campanhas de conscientização e reflexão, com um olhar mais humano sobre essa população, incentivando a criação de propostas e alternativas que auxiliem os moradores em questão. Dessa forma, daremos à arquitetura urbana o seu verdadeiro sentido de pertencimento e identidade, tornando o espaço público aberto à convivência e cidadania. (Proposta completa)