A cegueira de um Estado zumbificado - Banco de redações

O filme biográfico do pianista Ray Charles, interpretado pelo ator Jamie Foxx, retrata a maneira com a qual um menino negro e cego alcança, através da música, o sucesso, na forma de fama e dinheiro, superando a deficiência visual e, inclusive, a pobreza. Entretanto, no Brasil contemporâneo, percebe-se a singularidade de tal trajetória, uma vez que cidadãos privados de visão, em razão da falta de uma educação capaz de atendê-los, encontram-se, muitas vezes, à margem da sociedade. Assim, é nítido que o ensino de deficientes visuais é prejudicado pela escassez de uma infraestrutura adequada, haja vista a ineficiência do Estado em assegurar os direitos universais, ocasionando a perpetuação de uma conjuntura excludente.

Sob essa perspectiva, constata-se a inépcia do governo, no que tange à garantia do texto da Carta Magna, como fator preponderante para a carência de uma educação acessível à deficientes visuais. Destarte, segundo Zygmunt Bauman, filósofo contemporâneo, a modernidade é caracterizada pela existência de instituições "zumbis", que, apesar de existirem na teoria, não apresentam impacto na prática, ou seja, o Estado brasileiro, em relação à disponibilidade de ensino a todo o corpo social, é análogo a tal conceito, causando, por conseguinte, o cerceamento de direitos essenciais, mesmo que a função última do aparato estatal seja a promoção do bem-estar da totalidade dos membros da Nação. Dessa forma, evidencia-se a invisibilidade dos cegos perante o governo, que, como não cumpre o que está escrito na Constituição, parece não considerar todos cidadãos. (Melhore a apresentação dessa discussão)

(Boa estratégia coesiva) Outrossim, é válido ressaltar que a manutenção de uma sociedade segregacionista decorre da inexistência de uma infraestrutura capacitada para o ensino de cegos. Ademais, de acordo com Kant, filósofo alemão, o exercício público da razão, alcançado apenas por meio da educação, é essencial para a condição de maioridade, que é, para o pensador, a verdadeira liberdade, isto é, com os obstáculos limitadores da busca por conhecimento, o deficiente visual permanece na minoridade , sem desenvolver um pensamento crítico. Logo, demonstra-se que o indivíduo privado de visão, em virtude da deficiência educacional, não é capaz de reivindicar os próprios direitos, mantendo a condição de marginalidade, sem a prática de cidadania.

​​​​​​​(Boa estratégia coesiva) Portanto, vislumbra-se que a educação do deficiente visual é desfavorecida pela falta de condições adequadas nas instituições de ensino, o que conserva o caráter excludente da sociedade brasileira. Para a resolução da questão, urge que instituições não governamentais voltadas à luta pelos direitos dos cegos promovam, por meio de propagandas veiculadas nos principais meios de comunicação do país, a conscientização da população acerca da importância da demanda popular para o cumprimento do papel do Estado, a fim de pressionar o governo a tomar medidas para uma educação mais acessível. Por essa tratativa, a exclusão de pessoas privadas da visão será reduzida e a superação não será restrita a talentos únicos, tais como Ray Charles. ​​​​​​​(Proposta completa)