Trote universitário: a celebração da barbárie - Banco de redações

No final da década de 1990 ganhou amplo destaque na mídia o caso de um calouro de Medicina da USP - Universidade de São Paulo (Vírgula) que faleceu em uma piscina durante um trote universitário. O que deveria ser um momento de celebração ordeira e pacífica, marcando uma conquista pessoal significativa na vida de um estudante, acabou tornando-se uma tragédia com repercussão nacional. Tal fato constitui um exemplo triste de rituais que ocorrem com grande frequência nos ambientes acadêmicos brasileiros, e traz em seu bojo a necessidade de levantar um debate sobre a cultura do trote universitário. Esse fenômeno deve ser analisado sob os pontos de vista social e jurídico, de modo a viabilizar a instituição de medidas que possam coibir eventuais abusos e prejuízos contra as vítimas - os calouros. (Formulou a tese)

Primeiramente, é imperioso considerar a dimensão sociológica dessas práticas. De acordo com Aristóteles, o homem é um animal social, e isso implica no fato de que o homem deve viver em sociedade. Ainda segundo o filósofo, para que essa convivência seja possível é imprescindível a criação de um sistema jurídico. Nesses termos, as relações entre os seres humanos no âmbito social devem ser pautadas sob um código de convivência harmoniosa, respeitando um conjunto de regras previamente estabelecidas. Isso, consequentemente, também se aplica ao caso dos trotes universitários, nos quais os participantes interagem intimamente e estabelecem relações sociais que vão da cooperação e o respeito mútuo à dominância de um grupo sobre outro, o que, neste último exemplo, pode resultar em efeitos negativos para alguns dos envolvidos. (Delimite e explore de modo produtivo)

(Boa estratégia coesiva) Nesse sentido, considerando as relações de dominância que um grupo - os veteranos - estabelecem sobre o outro - os novatos -, geralmente advêm ações que não respeitam a individualidade destes últimos. Nesse contexto, são comuns os atos de agressão, coação, desrespeito, "bullying", configurando violência física e psicológica e gerando constrangimentos diversos e potenciais prejuízos às vidas dos calouros. Dentro desse espectro negativo, é facilmente identificado o afrontamento ao princípio da "dignidade da pessoa humana", preconizado na Constituição federal. Tal desrespeito a um princípio basilar requer a aplicação medidas legais adequadas a cada caso específico, reforçando a ideia da imprescindível criação de um sistema jurídico, conforme defendida por Aristóteles, para disciplinar as relações interpessoais.

(Boa estratégia coesiva) Diante do exposto, é necessário que a cultura do trote universitário, devido às suas características nocivas e moralmente inadmissíveis, seja combatida e desestimulada por todos os meios admitidos em Direito. Isso deve ser propiciado pela ação firme do Estado, com a promulgação de leis rígidas que inibam quaisquer iniciativas de trotes violentos no âmbito das universidades brasileiras. Também assumem extrema importância ações educativas que podem ser implementadas pelas próprias universidades, conscientizando os alunos sobre os efeitos negativos do trote e incentivando uma cultura de integração, acolhimento, amizade e respeito entre veteranos e calouros. Por meio dessas medidas, a convivência social na esfera universitária será construída sob pilares saudáveis, evitando a repetição de cenas tristes como a do calouro de Medicina da USP, e permitindo que todos possam concretizar o sonho de estudar com dignidade nos cursos que escolheram. (Proposta completa)