Da "cegueira" à perspicácia - Banco de redações

Em seu romance intitulado "Ensaio sobre a cegueira", de 1995, o escritor português José Saramago utiliza um recurso estilístico, a metáfora, com o propósito de corroborar a ideia de que, na sociedade contemporânea, o indivíduo está sujeito à indiferença e ao abandono social. Tal obra, conquanto seja fictícia, vai ao encontro da realidade a qual assistem os brasileiros durante o período da pandemia do coronavírus: as readaptações propostas no campo educacional têm intensificado as dificuldades de docentes e de discentes no processo de ensino a distância, o que implica a vulnerabilidade social, efeito ratificado pelo livro em questão. Desse modo, torna-se premente que se analisem estes dois fatores: a ausência do Estado no enfrentamento do percalço aludido e o desafio imposto aos docentes no processo pedagógico. (Boa. Contextualiza o tema e apresenta a tese)

(Boa estratégia coesiva) Convém destacar, a princípio, o fato de que o Estado, embora seja uma instituição responsável por administrar as adversidades evidentes em uma nação, está, sobremaneira, negligenciando, em escolas públicas, o processo de obtenção de tecnologias pelos alunos. Segundo o ex-presidente Washington Luís, governante do período da República Velha, o Estado tornou-se um ausente contumaz (Reestruture essa discussão). À luz desse pensamento, percebe-se que a citação do político, embora dita há algum tempo, mantém-se atual, (Sem vírgula) na medida em que, mesmo cientes dos desafios impostos aos alunos (os quais, muitas vezes, não possuem o acesso à internet de qualidade), os órgãos estatais não têm atuado de forma a minimizar a desigualdade social (Cuidado com esse tipo de afirmação). Com efeito, os estudantes, por não terem acesso a aparatos tecnológicos, não conseguem assistir as aulas, o que promove um atraso no calendário escolar e, além disso, fere os conceitos da Constituição Federativa de 1988, documento o qual preza pela igualdade social. Dessa maneira, torna-se evidente a necessidade de enfrentar-se essa "cegueira", promovendo uma inclusão social de modo perspicaz. (Discussões pertinentes, no entanto precisam ser delimitadas e mais exploradas)

(Boa estratégia coesiva) Ademais, outro ponto de que é importante lembrar-se diz respeito à dificuldade que muitos docentes encontram na adaptação às inovações, já que, no ensino superior, não há a devida capacitação para a utilização de tecnologias educacionais. A título de exemplificação, de acordo com uma pesquisa realizada pela empresa Matific, que entrevistou 537 docentes no Brasil, aproximadamente 47% dos participantes relataram a falta de capacitação adequada no uso de tecnologias, e 8%, a dificuldade em lidar com elas. Sob esse ângulo, nota-se, indubitavelmente, que os professores, por não receberem um treinamento durante a graduação ou no momento em que começam a trabalhar nos colégios, não utilizam, de maneira eficaz, o processo tecnológico (Vírgula)o qual visa à aprendizagem a distância, que, apesar de não abordar o contato físico, contribui para uma aula mais dinâmica e facilita o compartilhamento de dados com a turma. Com isso, muitos professores, devido ao fato de não compreenderem a utilização dos recursos, deixam de explorar essa proposta interativa que a contemporaneidade traz consigo. Nessa perspectiva, debater, nas universidades públicas, um projeto que atenda às necessidades atuais do processo pedagógico é de suma importância, haja vista o longo período gasto por docentes para a aprendizagem de como manusear as tecnologias durante as aulas, o que deveria ocorrer durante a sua formação acadêmica, a fim de não haver prejuízos ao calendário escolar. (Muitos dados. Delimite a discussão e desenvolva as ideias de maneira mais produtiva)

(Boa estratégia coesiva) Dessarte, consoante à reflexão proposta por Saramago no respectivo ensaio, "organizar-se já é, de uma certa maneira, começar a ter olhos", o que deixa clara a ideia de que deve haver medidas de combate à situação-problema. Assim, por intermédio da aplicação de multas vultosas às escolas que não realizarem a capacitação on-line de profissionais e da intensificação de campanhas publicitárias que tenham por objetivo mitigar a desigualdade social, os programadores, profissionais da área da informática cuja função é projetar sistemas a serem utilizados individual ou coletivamente, devem criar, em parceria com o Ministério da Educação e com as universidades federais (Boa. Apresenta o agente), um site específico para a identificação de regiões brasileiras onde existam alunos desamparados por políticas públicas, garantindo-lhes, para isso, os artifícios necessários para a execução das propostas pedagógicas a distância, como computadores e acesso à internet. Além disso, deve-se intensificar, posteriormente, o acesso de docentes à capacitação constante para a atuação em ambientes virtuais. Realizar-se-á isso com o fito de garantir-se que o preceito de igualdade social informado pela Constituição Cidadã seja cumprido na prática e de amenizar os efeitos decorrentes da "cegueira" social a qual se referiu o autor português.