Dose certa - Banco de redações

Durante o início do século XX, a Revolta da Vacina foi um dos acontecimentos históricos responsáveis por sensibilizar a população e provocar grande comoção. Paradoxalmente, a ação que visava ao combate à [da] varíola teve um resultado oposto e acarretou inúmeros problemas decorrentes. De forma análoga, resquícios do século passado ainda estão presentes na sociedade brasileira contemporânea, seja pela postura passiva dos indivíduos, seja pela falta de acesso à informação, evidenciando a necessidade de asseguramento de direitos e conscientização coletiva.

Indubitavelmente, os avanços tecnológicos e científicos exercem grande influência sob [sobre] o comportamento humano atual. Segundo Heráclito, "Tudo está em constante e profunda transformação." As descobertas mais recentes, associadas ao ritmo da informação nos meios digitais, são capazes de gerar uma mentalidade social baseada na ausência de um diagnóstico elaborado, bem como da verificação do conteúdo exposto. Assim, a automedicação é sustentada pelos pilares da ciência e da tecnologia, haja vista que, [sem vírgula] a praticidade e rapidez poderão sanar dúvidas e resolver o problema, através [por meio]dessa lógica, da forma mais eficaz possível.

Outrossim, a falta de consciência da sociedade em relação aos seus direitos e a precarização do serviço público contribuem para a cultura da automedicação. De acordo com Nietzsche, "A desigualdade de direitos é a primeira condição para que haja direitos." Segundo essa linha de pensamento, é possível explicar a frequência desse hábito, pois [vírgula] além do indivíduo estar submetido a um sistema de saúde aquém de suas necessidades, a ausência de uma noção básica do que lhe é garantido na Constituição contribui para o uso de métodos inerentes e propícios à sua realidade.

Fica claro, portanto, que a automedicação possui razões históricas intrinsecamente ligadas à falta de consciência jurídica da população, bem como dos malefícios que poderão ser causados, constituindo um mal que deve ser combatido. Dessa forma, o Ministério da Justiça, junto ao [e o] Ministério da Saúde, deve elaborar um plano de governo contendo os direitos do cidadão e as consequências do uso inapropriado e arbítrio de medicamentos. Ademais, a Mídia, em especial TVs, rádios e jornais impressos, deve mostrar os efeitos colaterais causados pela automedicação e a proximidade de hospitais e postos de saúde. Sendo assim, a população irá se prevenir das doenças e infortúnios causados, alcançando o bem-estar por meio da dose certa.