Europa, Brasil: o altruísmo de Carrol - Banco de redações

"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte". Esse trecho da música "Comida", composta por Arnaldo Antunes e interpretada pelos Titãs, expressa a necessidade do homem de ter e de compartilhar lazeres e bem estar social. Nesse contexto, levanta-se a discussão a respeito da humanização dos espaços públicos nas cidades brasileiras, haja vista que, em sua maioria, priorizam o crescimento econômico em detrimento da qualidade de vida de seus habitantes. Grandes metrópoles do Brasil investem e intensificam esforços para tornarem-se importantes parques industriais e para impulsionarem seus crescimentos financeiros. Tal preocupação não só deve existir- pois, com essas medidas, geram-se mais empregos e rendas -como também exige um planejamento e controle, para que os espaços destinados às pessoas que ali vivam não fiquem limitados à a fábricas, indústrias e outras formas de produção.

Como exemplo de ascensão dos índices financeiros aliados à humanização das áreas urbanas, destacam-se cidades europeias, como a turística Paris e a histórico-industrializada Londres. A primeira, fez das margens de um de seus emblemas postais, o rio Sena, um espaço que valoriza a ideia do convívio entre os cidadãos e suas diversidades de pensamentos, de opções sexuais e estilos. Por sua vez, a segunda, além de ser capital de uma das economias mais fortes do continente(,) é também exemplo de versatilidade e de senso criativo. Nela, existem praias artificiais nas quais os londrinos aproveitam o calor do verão e socializam com amigos, familiares e vizinhos. Convém lembrar ainda que neste ínterim, o altruísmo- sentimento de ajuda a outros indivíduos, analisado pelo autor Lewis Carrol em seu romance "Alice no país das maravilhas" ao criticar a indiferença da personagem do coelho branco aos pedidos de ajuda de uma garota perdida - passará a ser mais presente nas ruas, avenidas e praças das cidades do país que se engajarem por tal perfil urbano.

Cabe ao terceiro setor e ao Estado, portanto, a tarefa de disseminação desse modelo sócio-urbano. O terceiro setor- composto por associações que se agrupam em busca de melhorias sociais- deve informar, por meio de palestras e grupos de discussão, as famílias de todo o Brasil sobre os benefícios da retomada dos espaços públicos. Por fim, o Governo Federal deve aumentar os investimentos em locais de lazeres públicos e não só focá-los nos aspectos industriais.