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   No início do século XX, Pereira Passos promoveu , no Rio de Janeiro, uma ampla reforma arquitetônica e urbanística, de modo a permitir a valorização estética e social das cidades. Percebe-se, dessa maneira, a importância que o meio urbano possui para a integração dos indivíduos e a vida em sociedade. No entanto, as cidades estão passando por uma transgressão funcional do espaço público, o que encontra sentido  com a predominância do capitalismo.

   Em um primeiro plano, é incontestável afirmar que as cidades foram, ao longo da história, essenciais para garantir a vida em sociedade. Nesse aspecto, o surgimento do Renascimento Cultural e a necessidade do estabelecimento do mercantilismo permitiram a ascensão de novas relações sociais e a integração dos indivíduos, uma vez que, assim como afirmou o poeta inglês John Donne: “nenhum homem é uma ilha”. Dessa forma, a organização do espaço urbano com a construção de praças e obras públicas – o que foi feito pelas sociedades mexicanas no século: XVII -, são, de fato, necessárias para reforçar a ética do coletivo.

  Apesar disso, percebe-se que as reais funções do espaço urbano passaram por uma verdadeira transgressão ideológica, haja vista a necessidade de adequação ao capitalismo. Além disso, a falta de incentivo do Estado em promover o engajamento social, aliada à predominância da violência e da incerteza, a qual, para Bauman, é uma característica da pós-modernidade, promovem nos indivíduos certa insegurança. Ademais, a predominância de empresas e do mercado imobiliário contribui para desviar a atenção dos indivíduos, os quais passam a não valorizar o espaço no qual se encontram.

   Infere-se, portanto, que o espaço público, devido às alterações das estruturas sociais, está passando por uma desvalorização e perda de suas reais funções. Desse modo, torna-se evidente a necessidade da atuação de ONGs, que, juntamente ao apoio da população civil, promovam campanhas de valorização pública. O Estado, então, deve promover políticas públicas que garantam um acesso aos recursos urbanos e uma mudança cultural, com a gestão participativa dos municípios. Além disso, a mídia deve difundir propagandas publicitárias que proporcionem um engajamento social, o que deve ser feito com as crianças através de um Conselho Escolar, para que haja uma valorização urbana, assim como ocorreu no século XX.