Mobilidade Urbana no Brasil - Banco de redações

      A sociedade do século XVIII, em meio à Revolução Industrial na Inglaterra, criticava a ideia de exploração dos recursos naturais, passando a valorizar a natureza, através dos princípios da Escola Literária Árcade, como o “Fugere urbem”, fuja fuga do urbano. Porém, a partir do século XX, essa situação tomou o sentido contrário, a valorização das cidades e dos meios urbanos. Com tamanha valorização, as cidades vêm expandindo ano após ano e consigo a população, a frota veicular, a desorganização e o caos. Hoje, muito se discute sobre a mobilidade urbana no Brasil, visto que, nos últimos anos, o trânsito, o congestionamento e o estresse vêm aumentando consideravelmente.

       O aumento do número de veículos automotores está relacionado com o incentivo ao uso individual no Brasil. Tal incentivo ocorre desde o governo de Juscelino Kubitschek (JK) que, por meio de seu projeto desenvolvimentista (“Cinquenta anos em cinco”), permitiu a entrada de indústrias automobilísticas estrangeiras, construiu rodovias e incentivou o uso de automóveis, um meio de transporte individual. Até os dias atuais, o governo estimula o uso, reduzindo as taxas de imposto (IPI) e facilitando sua compra. O estímulo deve existir, mas não ao uso individual e sim ao coletivo, como ônibus, trens e metrôs. O problema é que estes meios de transporte público são desconfortáveis, caros, lotados, não estão disponíveis a qualquer hora, em geral, são precários, o que desmotiva a população a utilizá-los. Por isso, é preciso ter melhorias e incentivos no sistema público de transporte, pois vão facilitar muito o desafio das ruas brasileiras, visto que ao utilizar um metrô com capacidade máxima de 400 passageiros, por exemplo, pode-se reduzir em até 80 carros (5 passageiros por veículo) nas ruas.

        Como essas medidas ainda não foram tomadas, o Brasil enfrenta milhares de carros em quilômetros e quilômetros de trânsito e congestionamento, fato comprovado pelos seguintes dados do Observatório das Metrópoles: entre 2000 e 2012, enquanto a população brasileira aumentou 12,2%, o número de veículos cresceu em 138,6%. Porém, a infraestrutura de grande parte das cidades não acompanhou tamanho crescimento, resultando em extensos congestionamentos. Além do mais, tais veículos são responsáveis pela poluição atmosférica e sonora, podendo trazer danos ao meio ambiente (aquecimento global, chuva ácida, ilhas de calor, entre outros) e a à saúde dos seres vivos (no caso dos humanos: problemas respiratórios). E tudo isso sem contar os casos de estresse e dos acidentes cada vez mais frequentes. Segundo pesquisa da ONU (Organizações das Nações Unidas), em um mês, o trânsito brasileiro mata, em média, 4,1 mil pessoas e causa a invalidez permanente de outras 43,2 mil.

      Portanto, pode-se dizer que o desafio da mobilidade urbana enfrentado hoje pelos brasileiros é apenas um reflexo de políticas públicas tomadas anteriormente e também atualmente, tanto pelos incentivos do governo, como pela necessidade capitalista do comodismo.